A chegada de Johanna Döbereiner ao Brasil em 1950, com sua família, simbolizou um novo começo e um sopro de esperança para aqueles que enfrentaram os horrores da Segunda Guerra Mundial. A cientista, que mais tarde se tornaria uma das mais respeitadas no campo da microbiologia agrícola, encontrou um lar acolhedor no Brasil, onde reconstruiu sua vida e dedicou-se ao trabalho com profundo compromisso. Seus filhos recordam a gratidão de seus pais pelo país que os acolheu e a vida simples, mas cheia de conquistas, em texto para a edição especial da Ciência & Cultura que celebra o centenário da cientista.
Johanna Döbereiner tinha uma paixão quase exclusiva pelo trabalho. Enquanto os filhos eram cuidados por babás e outros parentes, ela se dedicava ao laboratório e à pesquisa, deixando uma forte mensagem de independência e disciplina para sua família. Em casa, se reservava a fazer geleias e biscoitos de Natal, mantendo-se, de certa forma, distante das demais tarefas domésticas. Esses momentos, ainda que breves, contribuíram para a memória afetiva dos filhos, que viam na mãe uma figura obstinada e multifacetada, dividida entre o mundo da ciência e a vida familiar.
Nos momentos de lazer, ela tinha pequenos prazeres que preservava com carinho. Costurar, tricotar e fazer passeios pelo campo eram algumas das atividades que a ajudavam a desconectar das obrigações do laboratório. Aos fins de semana, ela buscava o refúgio de um sítio em Porangaba, onde aproveitava para descansar e curtir os netos. Apesar de sua intensa rotina científica, Johanna Döbereiner encontrava tempo para cultivar essas paixões simples e familiares, que faziam parte de sua essência e a mantinham próxima de sua cultura e das origens da família. “Tínhamos muito orgulho dos prêmios que ela recebia, e as conversas sobre o laboratório mantinham a ciência sempre presente em nossas vidas”, declaram Marlis Arkcoll, economista pela Unicamp, e Christian Döbereiner, geólogo pela UFRJ, filhos da cientista.
Mesmo enfrentando desafios de saúde na década de 1980, ela nunca abandonou o trabalho no laboratório, permanecendo ativa e relevante até seus últimos anos, com o apoio de amigos e colegas da Embrapa. Sua resiliência, marcada por uma vida de superação, não só inspirou os filhos como deixou um legado científico duradouro. O reconhecimento do Brasil, através dos prêmios e homenagens que recebeu, reflete a importância de Johanna Döbereiner para a ciência e para o país que tanto amou e ajudou a transformar.
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