Floresta concreta

Artigo da nova edição da Ciência & Cultura discute juventudes urbanas amazônicas e o racismo ambiental

whatsapp-image-2025-09-03-at-09-38-13Quando se fala em cidades amazônicas, ainda persiste no imaginário popular a ideia de que são apenas extensão da floresta. Mas esses territórios urbanos revelam uma realidade complexa: carregam marcas profundas da desigualdade brasileira, ao mesmo tempo em que cultivam criatividade, saberes tradicionais e formas de resistência à vida. Nessa ambiguidade, pulsa uma Amazônia urbana, diversa e repleta de contradições. Isso é o que discute artigo da nova edição da Ciência & Cultura, que tem como tema “Cidades e Meio Ambiente”.

O racismo ambiental é um dos elementos que estruturam essas desigualdades. Nas cidades amazônicas, ele se manifesta na forma de territórios mais expostos à degradação ambiental e aos efeitos das mudanças climáticas, atingindo de maneira desproporcional juventudes negras, indígenas e periféricas. Ao mesmo tempo, essas mesmas juventudes têm assumido papel central como agentes de transformação, propondo novas formas de viver e habitar a cidade, baseadas em justiça social e ecológica. “A atual crise climática se amplifica em uma urbanização predatória e excludente”, afirma Gabriela Alves dos Santos, diretora e sócia-fundadora do Instituto Perifa Sustentável.

A literatura e os saberes indígenas ajudam a compreender essa potência. Para Julie Dorrico, escrever é um ato de resistência da juventude indígena, que recusa o desaparecimento e reencanta o mundo. Daniel Munduruku afirma que educar é plantar memória coletiva, enquanto Eliane Potiguara lembra que o corpo da mulher indígena, primeiro território violado, também é o primeiro a florescer resistência. Essas vozes reafirmam que regenerar o território é também regenerar sonhos e imaginar futuros possíveis.

Juventudes historicamente marginalizadas — negras, indígenas e periféricas — estão no centro da reinvenção dos territórios amazônicos. Ao tensionar o modelo urbano dominante, predatório e excludente, elas propõem práticas regenerativas que se enraízam na justiça socioambiental e no direito à cidade. “Olhando as desigualdades no Brasil como um todo, elas se manifestam em forma de alagamentos, ausência de saneamento básico, poluição de rios e contaminação de solos”, alerta Gabriela Alves dos Santos.

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