A cooperação entre as ciências produzidas em todo o mundo é considerada primordial para atingir metas como a redução das desigualdades e a promoção do desenvolvimento global, equilibrado e sustentável. Essa foi a ideia central dos discursos proferidos ontem (24/11) na abertura do 6º Fórum Mundial de Ciência (FMC), que prossegue até quarta-feira (27/11) no Rio de Janeiro. Mais de 700 pesquisadores e representantes de 120 países participam do encontro, pela primeira vez realizado fora da Hungria.
Na cerimônia de abertura no Theatro Municipal do Rio, o presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Jacob Palis, disse que a realização do FMC na capital fluminense coloca o Brasil em posição de destaque na ciência internacional. Ele vê o tema do fórum – Ciência para o desenvolvimento global sustentável – sob uma perspectiva brasileira. “Sustentabilidade com inclusão social é muito a cara do Brasil”, disse.
József Pálinkás, presidente da Academia de Ciências da Hungria, anunciou que o fórum mundial de 2017 será no Reino da Jordânia. A cada quatro anos, o FMC será realizado fora da Hungria e, alternadamente, a cada quatro, como em 2015, será na Hungria. Pálinkás lembrou que esta é a primeira vez que o fórum é realizado fora de seu país.
“Hoje o mundo está dividido entre aqueles que têm acesso aos benefícios da ciência e aqueles que não têm. E temos que trabalhar para reduzir as desigualdades e promover o desenvolvimento global. Devemos tentar encontrar a resposta para a pergunta de como manter o planeta sustentável. Temos que encontrar novas formas de cooperação entre a ciência e a sociedade”, propôs. “Nesse fórum vamos discutir o que a ciência precisa para promover um desenvolvimento equilibrado. Espero que sejamos capazes de promover as mudanças necessárias”, planeja o pesquisador húngaro.
Luiz Fernando Pezão , vice governador do Rio de Janeiro, deu as boas vindas e traçou um panorama da ciência produzida no estado e no país. “É um orgulho para o Rio sediar este evento, pois significa o reconhecimento ao crescimento da ciência brasileira e sua importância para o mundo. Nossa cidade tem, além das belezas naturais, uma grande concentração de centros de P&D, institutos de ciência e tecnologia, universidades e parques tecnológicos”, disse.
O ministro da Ciência Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, destacou a produção científica brasileira e falou de ações do governo federal.”O governo tem se esforçado para que as empresas brasileiras inovem”, disse, citando o programa Inova Empresa. Raupp também falou de iniciativas para diminuição da desigualdade. “Nos últimos 10 anos, o Brasil vem investindo em programas de inclusão social e estamos tendo sucesso. Com o Bolsa Família, 40 milhões de brasileiros saíram da pobreza e passaram para a classe média”, falou para a comunidade científica internacional.
Irina Bokova, diretora geral da UNESCO , destacou questões universais. “O Rio é a cidade maravilhosa, mas é também a cidade da ciência. Discutiremos durante o fórum questões que hoje são universais como educação e desenvolvimento sustentável. Até hoje o desenvolvimento foi ditado por indicadores econômicos. A importância da ciência está na distribuição e cooperação do conhecimento. Entre os desafios estão aumentar a participação feminina na ciência, acesso à água e ao saneamento”, observou.
Michel Temer , vice presidente do Brasil, representou a presidente Dilma Rousseff na cerimônia. “Minha presença aqui significa o apoio do governo federal ao fórum. Acredito que tudo o que for discutido durante o fórum poderá ser aplicado em outros países”, disse enfatizando a importância das ciências sociais para a diminuição das desigualdades.
O pronunciamento de János Áder, presidente da Hungria, foi transmitido por vídeo exibido num telão. Para ele, a ciência tem uma missão: evitar o colapso da civilização. “Os cientistas devem dar uma chance ao futuro, e o fórum pode ajudar nisso”, afirmou.
Durante a cerimômia foram entregues o prêmio UNESCO Sultão Qaboos de Preservação Ambiental a duas organizações não governamentais: uma da Polônia que trabalha pelo reflorestamento de áreas degradadas, e outra da África do Sul que trabalha com espécies ameaçadas de extinção. Os representantes das ONG´s receberam um diploma, uma medalha e o valor de 35 mil dólares cada. Depois dos discursos, a Companhia Brasileira Bachianas executou a obra de Vila Lobos Bachianas nº5, que antecedeu um coquetel de confraternização.
(Mario Nicoll e Edna Ferreira / Jornal da Ciência)