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Países trocam experiências sobre Educação

O conhecimento é um ponto chave para assegurar o desenvolvimento mundial e a sustentabilidade do planeta. Esse foi algum dos principais destaques do debate "Educação em Ciência e Engenharia", realizado ontem (26/11), no 6º Fórum Mundial de Ciência (FMC), coordenado pelo vice-presidente da Rede Global de Academias de Ciência (IAP, na sigla em inglês), Volker ter Meulen. Os palestrantes foram Tariq Durrani, vice-presidente da Real Sociedade de Endimburgo; o físico francês Pierre Léna, presidente da Fundação La Main à La Pâte; Eva-Maria Neher, gestora do XLAB - Laboratório Experimental para Jovens em Göttingen, na Alemanha; e Daya Reddy, presidente da Academia de Ciências da África do Sul.
O debate “Educação em Ciência e Engenharia”, realizado nesta terça-feira (26/11), no 6º Fórum Mundial de Ciência (FMC), foi coordenado pelo vice presidente da Rede Global de Academias de Ciência (IAP, na sigla em inglês), Volker ter Meulen. Os palestrantes foram Tariq Durrani, vice-presidente da Real Sociedade de Endimburgo,; o físico francês Pierre Léna, presidente da Fundação La Main à La Pâte; Eva-Maria Neher, gestora do XLAB – Laboratório Experimental para Jovens em Göttingen, na Alemanha; e Daya Reddy, presidente da Academia de Ciências da África do Sul.
 
Meulen abriu a sessão chamando a atenção para o crescimento da população mundial e o importante papel da engenharia para encontrar soluções para gerar bem estar para as pessoas, provendo, por exemplo, energia para todos. “Além disso, a academia e os professores de ciência não estão sendo capazes de transmitir sua importância para a sociedade. Temos que engajar a sociedade nesse processo”, sugeriu.
 
Para o vice-presidente Real Sociedade de Endimburgo, os desafios acadêmicos da engenharia incluem uma aproximação maior com as ciências sociais. Ele apresentou como exemplo a grade curricular do curso de MPhil (Mestre em Filosofia) em Engenharia Sustentável de Cambridge, composta por módulos internos e externos. “Economia, legislação, regulamentação, desenho sustentável e implementação são alguns módulos desse curso”, exemplificou. Entre os módulos eletivos, não obrigatórios estão temas como política, sociedade e natureza; meio ambiente e engenharia sustentável da água.
 
Tariq Durrani abordou o conceito de engenharia sustentável que tem grandes desafios pela frente. Entre eles estão melhorar a energia solar, a segurança do ciberespaço e avançar no ensino personalizado. “Os desafios globais também são urgentes . É preciso buscar soluções para a urbanização, preservação da biodiversidade, as mudanças climáticas, a cura de doenças infecciosas e as necessidades de água e comida da população”, enumerou.
 
De forma didática, ele demonstrou que a sustentabilidade se encontra no centro de três pontos chaves: globalização, redução da desigualdade e mudanças climáticas. “Diante disso a educação tem um importante papel de contribuir para a conservação do meio ambiente, o crescimento da economia e a redução da desigualdade social”, afirmou Durrani.
 
Exemplo francês
O físico francês Pierre Léna defendeu que o ensino da ciência e tecnologia deve ser para todos os estudantes, em todos os níveis da educação. “Precisamos encorajar os estudantes a se interessar por ciência e tecnologia”, afirmou. Ele apresentou dados de uma pesquisa realizada na França que demonstrou que os professores que lecionam para crianças de seis a 12 anos, não estão preparados para ensinar ciências.
 
Para Léna, a solução para esta questão envolve resoluções pedagógicas como convencer as autoridades de educação sobre o problema, preparar melhor os professores, mais recursos para as aulas – com a internet, por exemplo – e definir o papel de cientistas e engenheiros nesse processo, além de aproximar a escola dos pais e da comunidade. “Leva tempo para promover essas mudanças e colher os resultados, mas são todas necessárias”, comentou.
 
A bioquímica Eva-Maria Neher trabalha desde 2000 na administração e gestão do XLAB – Laboratório Experimental para Jovens em Göttingen, Alemanha. Ela mostrou como funciona o XLAB que atrai jovens do mundo inteiro para estudar em seus laboratórios de Física, Química, Biologia, Ecologia e Neurobiologia. “A palavra chave do nosso trabalho é “mãos na massa”. São os jovens que fazem os experimentos e se dedicam a isso ao longo de uma semana”, explicou. Os laboratórios não têm professores e sim cientistas, enfatizou ela.
 
De acordo com Eva-Maria, as bases do trabalho no XLAB estão na intensidade (os jovens se dedicam aos seus experimentos por oito horas diárias), interdisciplinaridade, internacionalização, confiança, motivação, precisão e concentração.
 
O representante da África do Sul, o engenheiro Daya Reddy declarou que é inquestionável o lugar central da educação na agenda de desenvolvimento dos países. Para ele o ensino universitário deve promover o crescimento do conhecimento básico, mas questiona como a grade curricular deve ser estruturada. “É importante pensar num currículo multidisciplinar para a Engenharia com lugar para as disciplinas técnicas e metodológicas, mas estimulando o trabalho colaborativo, as ciências sociais e humanas”, sugeriu.
 
Reddy afirmou que seu país tem um plano de desenvolvimento com metas específicas até 2030. “Uma delas diz respeito à formação de Phd: nossa meta é ter cem graduados para cada mil habitantes”, disse. De acordo com ele, é preciso inspirar os professores, para reverter um quadro preocupante: nos últimos dez anos vem diminuindo o número de alunos de química, física e das engenharias.
 
(Edna Ferreira / Jornal da Ciência)