Estatísticas da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) revelam que, na comparação internacional, o Brasil apresenta um volume de gastos com saúde igual a 9,6% (em 2019) do Produto Interno Bruto (PIB), um patamar não muito abaixo ao de países desenvolvidos como Espanha, Nova Zelândia, Finlândia e Reino Unido. É próximo aos vizinhos Argentina e Chile e também ao da África do Sul e bem superior aos gastos da Índia e da China, para ficar na comparação com países do mesmo grau de desenvolvimento que o Brasil.
Entretanto, ao contrário do que ocorre em países desenvolvidos, a maior parcela dos gastos no Brasil (60%) vai para o setor privado (hospitais, planos de saúde, farmácias) e 40% para o setor público. É um perfil de investimento em saúde pública que prejudica aqueles que mais precisam dela, ou seja, a maioria que não pode pagar um plano de saúde privado, contribuindo para agravar as desigualdades socioeconômicas já acentuadas.
“Temos um patamar de gastos que nos insere entre os países desenvolvidos, mas uma divisão público-privada característica do subdesenvolvimento”, analisa a médica Lígia Bahia, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e secretária regional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). E completa: “Em contrapartida, temos piores indicadores que o Chile, Colômbia e Argentina”.
Janes Rocha – Jornal da Ciência