No sistema econômico mundial do século 21, empresas multinacionais enriquecem utilizando a infraestrutura pública de um país, seus recursos naturais, trabalhadores formados e cuidados pelo sistema público de educação e saúde, mas contribuem muito pouco com impostos para financiar essas atividades.
E de uma hora para outra, apenas apertando a tecla “enter”, estas empresas – assim como seus donos e acionistas bilionários – podem transferir todos os seus ativos para outra jurisdição, os chamados paraísos fiscais, onde a cobrança de impostos é literalmente zero, sem sofrer qualquer controle ou barreira.
Mas a conta que elas geram – o desemprego, o colapso do sistema de saúde e a devastação ambiental – fica no local de onde saíram para ser bancada por governos com o dinheiro dos poucos pagantes de impostos – principalmente os trabalhadores e a classe média, cada vez mais empobrecidos.
“É um sistema insustentável”, definiu o economista francês Thomas Piketty, especialista no assunto, autor do best-seller “O Capital no Século 21” entre outros livros.
A desigualdade é um problema histórico, principalmente de países em desenvolvimento como o Brasil, piorou com a pandemia do coronavírus e está se agravando com a guerra entre Rússia e Ucrânia.
Na nova edição do Jornal da Ciência Especial, os economistas e professores André Roncaglia, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), José Luís Oreiro, da Universidade de Brasília (UnB) e Claudio Ferraz, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) discutem os motivos que estão levando a um aumento da concentração de renda e da desigualdade e propõem medidas para mitigar o problema. Eles ressaltam, no entanto, que não há saídas fáceis para essa chaga que atinge o mundo inteiro, em países ricos e pobres.
Janes Rocha – Jornal da Ciência