Hora de repensar o investimento em saúde no país, diz Helena Nader

Cientista propõe debate sobre ampliação dos investimentos públicos e privados na medicina e farmacêutica. Ela coordenará o painel sobre a pandemia de coronavírus que a SBPC realiza para a Marcha Virtual pela Ciência, na próxima quinta-feira, 7 de maio

A pandemia do novo coronavírus evidenciou o valor da ciência, da medicina e da saúde, temas que estarão no foco da Marcha Virtual pela Ciência, afirma a biomédica Helena Bonciani Nader. A Marcha será realizada em 7 de maio, com atividades transmitidas pelas redes sociais da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (@SBPCnet) no Facebook e no YouTube.

Organizada pela SBPC com apoio de mais de 80 entidades científicas de todo o País, o objetivo é chamar a atenção para a importância da ciência no enfrentamento da pandemia de covid-19 e de suas implicações sociais, econômicas e para a saúde das pessoas. A manifestação visa reforçar a luta que já dura anos por recursos adequados para o desenvolvimento da ciência e da tecnologia, e para a saúde e educação no País.

Presidente de honra da SBPC e vice-presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Helena Nader vai coordenar o painel online que a SBPC realiza no dia 7, às 10h30 da manhã, sobre a pandemia de coronavírus.

Para ela, a Marcha Virtual será uma oportunidade de discussão sobre a função da ciência e também sobre os rumos da indústria da medicina, saúde e farmacêutica brasileiras no pós-pandemia.

“A gente só percebe o valor da medicina ou de áreas da saúde, na doença”, comentou. Ela vê um ambiente propício para o levantamento do debate, já que ultimamente, devido à covid-19, a ciência está em evidência na sociedade.

“Os canais de televisão agora chamam cientistas de diferentes áreas para discutir e trazer seus pontos de vista, inclusive pontos de vistas opostos, mas importantes para o debate. Isso é uma novidade não só no Brasil, mas em todo mundo”.

Nader ressalta descobertas da ciência para a melhora na qualidade de vida das pessoas, como os antibióticos e, mais recentemente, tratamentos que levaram a uma queda significativa no número de pessoas que morrem por tumores cancerígenos, comparado com vinte ou trinta anos atrás.

Na visão dela, a ciência brasileira tem capacidade para desenvolver pesquisas de fronteira sobre os diversos aspectos da infecção viral. No entanto, seria necessário ampliar o investimento em ciência como um todo, pois respostas para a covid-19 devem englobar diversas áreas do conhecimento, para além da biologia e da química.

Segundo ela, as áreas de ciências humanas e sociais devem ser tidas como essenciais no enfrentamento dessa crise, e precisam ser financiadas, e não negligenciadas.  Ainda, é necessária uma indústria farmacêutica forte, tanto para enfrentar essa pandemia, como outras doenças que também matam no país e só podem ser combatidas com biofármacos, tais como anticorpos monoclonais.

“A ciência brasileira tem desenvolvido esses anticorpos, tem os dados, mas as poucas indústrias que produzem, estão trazendo os métodos do exterior”, disse. Na visão de Nader esse é o momento de investir em uma indústria forte na área de medicamentos. “Hoje o mundo está dependente da produção de medicamentos e equipamentos da China, da Índia e alguns lugares da Europa”. E encerrou a conversa com seu lema: “Educação e ciência não são gastos, são investimentos.”

Ao longo desta semana, a SBPC divulgará entrevistas, vídeos e depoimentos escritos de representantes das entidades científicas e acadêmicas, pesquisadores, estudantes e professores sobre temas de ciência, educação e saúde e convocando para a Marcha. Todos são convidados a participar dessa grande manifestação em defesa da vida, da ciência e do desenvolvimento sustentável do País!

Veja aqui como você pode participar da Marcha Virtual pela Ciência.

 

Janes Rocha – Jornal da Ciência