O presidente de honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Ildeu de Castro Moreira, foi homenageado na cerimônia de encerramento da XXXV Reunião Anual da Federação de Sociedades de Biologia Experimental (FeSBE) com a “Medalha Defensor da Ciência” de 2021. A condecoração é uma homenagem aos cidadãos e cidadãs cujas ações e trajetórias levaram ao fortalecimento da ciência brasileira.
Professor do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Moreira presidiu a SBPC por quatro anos. Atuando nas áreas de física, história da ciência e comunicação pública da ciência, foi editor científico da revista Ciência Hoje durante vários anos. Por sua atuação ativa na comunicação pública da ciência recebeu, em 2013, o Prêmio José Reis de Divulgação Científica do CNPq.
Além de sua atuação na entidade, Moreira foi diretor do Departamento de Popularização da C&T do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e coordenador da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (2004 a 2012). Também foi membro dos conselhos da Sociedade Brasileira de Física (SBF), Sociedade Brasileira de História da Ciência (SBHC) e da SBPC, do Conselho Superior da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e do Comitê de Assessoramento de Divulgação Científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
“Fiquei muito agradecido e emocionado pela premiação. Esta é uma medalha individual, mas representa a expressão coletiva de um trabalho em conjunto e aqui deixo registrado que a compartilho com todo o povo da SBPC, com as sociedades científicas afiliadas e com muitas outras entidades com as quais batalhamos nestes últimos anos, para tentar minorar a catástrofe na ciência brasileira (e na educação, meio ambiente, saúde, direitos humanos, condições de vida, democracia…)”, declarou. Acrescentou ainda que espera que se chegue o dia em que, no Brasil, a ciência esteja suficientemente valorizada, desenvolvida e inserida na sociedade para que não se precise premiar as ações em sua defesa.
Segundo Moreira, a ciência brasileira conta com histórias e com tradições importantes. Em sua palestra “Desafios da ciência no Brasil”, realizada durante o evento, citou alguns pontos desafiadores para a área de ciência, tecnologia e inovação brasileira: uma educação de qualidade, em particular a educação científica; mais recursos para CT&I; desburocratização e efetivação de marcos legais; melhoria da qualidade da pesquisa e sua integração a um desenvolvimento sustentável (econômico, social, ambiental e com saúde); liberdade de pesquisa e acadêmica; e um projeto de nação democrática, desenvolvida, menos desigual e soberana. “Podemos fazer mais se tivermos apoio e estivermos encaixados em um projeto de nação que busque reduzir nossas enormes desigualdades e que use inteligentemente os enormes recursos naturais que temos e no qual a CT&I, assim como a educação, seja um instrumento essencial. Podemos melhorar a ciência brasileira? Sim, com certeza, e devemos. Mas é também importante participarmos ativamente da construção de um projeto nacional maior e que educação, CT&I e o desenvolvimento sustentável estejam inseridos neste projeto maior”, defendeu.
Moreira concorreu com outros seis indicados, mas teve seu nome aprovado por unanimidade pela Assembleia Geral das Sociedades Associadas à FeSBE, conforme conta o presidente da entidade, Hernandes F Carvalho. “Minha indicação foi baseada na observação do Ildeu à frente da SBPC e em particular pelos seus esforços na aprovação de matérias legislativas relacionadas à ciência. Um dos exemplos foi o caso da derrubada dos vetos que bloqueavam recursos do FNDCT (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico)”, destacou. Veja aqui o PDF de sua apresentação.
No mesmo evento foi entregue a “Medalha Defensor da Ciência 2020” à professora e pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Margareth Dalcolmo.
Jornal da Ciência