Indústria da saúde na estratégia de reconstrução do País

Projetos do CEIS já respondem por um terço do orçamento público da Saúde, que é da ordem de R$ 30 bilhões

O Complexo Econômico-Industrial da Saúde (Ceis) recebeu em 2023 investimentos totais de R$ 2 bilhões, o maior já feito pelo Ministério da Saúde. Inseridos no novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), os projetos do Ceis até 2026 já respondem por um terço do orçamento público da saúde, que é da ordem de R$ 30 bilhões.

Entre os já concluídos ou em estágio avançado para conclusão estão a nova fábrica da Hemobrás, em Pernambuco, o aumento da capacidade produtiva de medicamentos em Farmanguinhos (da Fundação Oswaldo Cruz/Fiocruz), o desenvolvimento de produtos de terapia celular avançada para câncer e a plataforma tecnológica inovadora em RNA Mensageiro (mRNA), com o Instituto Butantan e o Biomanguinhos/Fiocruz; uma nova plataforma para soros, além de investimento em inovação para dispositivos médicos e equipamentos, com a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii).

As informações foram divulgadas nessa quarta-feira pelo economista Carlos Augusto Grabois Gadelha, líder do Grupo de Pesquisa “Desenvolvimento, Complexo Econômico Industrial e Inovação em Saúde” do Ministério (GIS-MS).

“Já estamos revendo os dados para a ordem de R$ 60 bilhões, incluindo investimentos públicos e privados”, afirmou Gadelha durante a conferência “Balanço de um ano da estratégia para o Complexo Econômico-Industrial da Saúde”, como parte da programação científica da 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

“Isso é completamente inovador e inusitado”, comentou, sobre o volume aplicado pelo governo, acrescentando que o Ministério executou a totalidade dos recursos destinados ao Ceis ano passado. Segundo ele, os investimentos envolvem produção e inovação estendida a toda a rede tecnológica de suporte pública de interação com o setor privado.

“São projetos que a gente já fez, isso é importante dizer: nós não ficamos apenas reconstruindo o marco institucional esperando os investimentos acontecerem. Nós já investimos em tecnologia de fronteira na área de câncer, RNA Mensageiro (mRNA), a recuperação da produção de soros”, celebrou o economista.

Um destaque é a fábrica da Hemobrás, estatal que está retomando a produção nacional de hemoderivados após os anos em que foi reduzida a uma unidade de comercialização. A empresa passa a ser o primeiro investimento moderno em biotecnologia em saúde instalada no Nordeste brasileiro.

“A ideia é estabelecer uma política que articula a Ciência Tecnologia e Inovação, a estratégia de reindustrialização, a produção local soberana e cooperação global com os grandes objetivos da transformação social, da transformação ecológica e da transformação digital no nosso país”, concluiu o executivo.

Assista à conferência na íntegra pelo canal da UFPA no Youtube

Janes Rocha – Jornal da Ciência