Helena B. Nader fez apresentação no principal evento de cientistas da Europa
Representantes de sociedades científicas nacionais de todo o mundo estiveram reunidos nesta semana em Copenhagen, na Dinamarca, no principal evento europeu dedicado a debater sobre o estado da arte e a fronteira do conhecimento em ciência e tecnologia. A convite da organização, a presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena B. Nader, participou do evento denominado EuroScience Open Forum (ESOF) 2014, realizado entre os dias 21 e 26 de junho. A representante da comunidade científica brasileira fez uma palestra sobre o tema “Evidence-based policies in a world of uncertainty and ambiguity: how do Brazilian regulations deal with this situation” (Políticas baseadas em evidências em um mundo de incertezas e ambiguidades: como a legislação brasileira atua nessas situações).
O conceito do estabelecimento de políticas baseadas em evidências científicas tem se ampliado largamente pela Europa e em todo o mundo. O objetivo é desenvolver políticas públicas e tomadas de decisão baseadas em evidências científicas factuais e rigorosas, com dados relevantes e análises comprovadas. Especialmente no caso de situações de risco, como a ocorrência de fenômenos naturais (enchentes, terremotos, furacões, entre outros), o que se espera é que as decisões políticas consigam atingir os problemas em sua origem de maneira eficaz, e com visão de longo prazo.
Em sua apresentação a presidente da SBPC destacou que o Congresso brasileiro organiza comissões especiais para discutir situações de risco como às ligadas ao clima, aos organismos geneticamente modificados, à energia, produção e distribuição de alimentos, entre outros. Cientistas e demais representantes da sociedade são comumente convidados a participar ou são ouvidos por essas comissões. Nader ressaltou que diversas leis, decretos e regulamentos têm resultado de relatórios preparados por comissões parlamentares, após aprovação pelo Congresso.
A presidente da SBPC mostrou alguns exemplos recentes de como os legisladores brasileiros têm, gradativamente, utilizado informações e dados científicos para tomadas de decisão, implementação de leis, regulamentos e aprovação de programas de longo prazo. Entre os exemplos, Nader mencionou a elaboração e aprovação do Código Florestal Brasileiro, a constituição da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), a implantação do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), do Programa de Pesquisas em Caracterização, Conservação, Restauração e Uso Sustentável da Biodiversidade do Estado de São Paulo (Biota-Fapesp), e a Lei Arouca que definiu parâmetros éticos para a pesquisa científica com o uso de animais.
Fronteira do conhecimento
O evento, que reúne cientistas de toda a Europa e representantes de cerca de 40 países, é uma ótima oportunidade para cientistas, jovens pesquisadores, estudantes, empresários, políticos, jornalistas e público em geral discutirem novas descobertas, além de debater sobre o direcionamento das pesquisas em todas as áreas da ciência. A programação científica é composta por conferências plenárias e palestras de pesquisadores de classe mundial, estadistas, líderes de negócios, bem como sessões e workshops sobre a fronteira do conhecimento.
A visão do EuroScience Open Forum (ESOF) 2014 é de aumentar a percepção pública sobre a ciência e fortalecer efetivamente as “pontes” entre a ciência e a sociedade. Por esse motivo o evento recebeu como tema central o nome “Science Building Bridges” (A Ciência Construindo Pontes). O programa foi elaborado com perspectiva multidisciplinar e acompanhado de um ambicioso programa de difusão pública, incluindo uma sessão especial para estudantes de ensino médio denominado “ESOF para a Academia do Futuro”.
Mais informações sobre o evento acesse: http://esof2014.org/
(Fabíola de Oliveira)