Artigo da nova edição da revista Ciência & Cultura analisa as duas disciplinas mais controversas nos currículos escolares: Ensino Religioso e Educação Moral e Cívica
Em 1922, a educação não foi enaltecida na celebração do primeiro centenário da Independência. O grande número de analfabetos impedia o ufanismo. Em 2022, apesar do avanço no acesso à educação básica, os desafios permanecem. A socialização político-ideológica de caráter conservador e até reacionário assume um lugar inédito, induzida por instituições, grupos e movimentos que tiram proveito de seu poder no Estado. Isso é o que discute artigo da nova edição da revista Ciência & Cultura: 200 anos de ciência e tecnologia no Brasil.Este número especial da revista, lançado junto com a Reunião Anual da SBPC – que acontece de 24 a 30 de junho em Universidade de Brasília (UnB) – aborda temas importantes de dois séculos de presença da ciência no Brasil.
Segundo o sociólogo Luiz Antônio Cunha, professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), os efeitos das políticas e dos movimentos de pressão pela socialização político-ideológica de viés conservador já se fizeram sentir no Plano Nacional de Educação 2014-2024 quanto a temas que permeariam todo o currículo da educação básica, particularmente gênero e orientação sexual. Estes não foram aceitos pelos segmentos mais conservadores, e a sustentação dessas posições tomou forma no Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD), provedor essencial das escolas públicas de educação básica, responsável pela compra cerca de 200 milhões de exemplares.
Mas o pesquisador também aponta que experiências exitosas têm sido desenvolvidas no sentido de se fazer da escola pública um instrumento propiciador do acesso das classes populares à ciência, à cultura e à tecnologia. Além disso, a criação do Sistema Nacional de Educação, prevista na emenda constitucional n.º 59/2009, pode ser efetivada a partir de projeto de lei complementar aprovado no Senado em março de 2022, que segue em tramitação na Câmara dos Deputados. “No segundo centenário da Independência, o campo educacional atingiu um grau inédito de profissionalização, com algumas dezenas de universidades dignas desse status, desenvolvendo pesquisa e pós-graduação”, afirma, em artigo para a revista. “Por isso, creio que estamos equipados para superar essa má fase em que se encontra a educação brasileira e inaugurar outra, em que haverá motivos para celebrar novas e promissoras independências”.
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