Investimentos em pesquisa deveriam ser 60% maiores, segundo Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência

Um fundo criado só para financiar pesquisas está com 90% da verba contingenciada. Os recursos destinados à Capes e ao CNPq também têm caído desde 2014

O FNDCT, Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, foi criado para financiar projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação de empresas.

Cerca de R$ 1 bilhão dos R$ 6 bilhões existentes atualmente vai para operações de crédito para companhias que estimulam inovação. Outros R$ 4,8 bilhões deveriam ser usados para financiar pesquisas e infraestrutura. Mas, segundo o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, Ildeu de Castro Moreira, 90% estão contingenciados:

“São recursos que vêm de setores privados, do petróleo, do gás, da área elétrica, para investir em pesquisa e desenvolvimento. Eles são destinados para isso por lei. No entanto, o Ministério da Economia se apropria de 90% desses recursos desse ano para outros destinos, pagar juros da dívida e coisas similares”.

Ildeu de Castro Moreira aponta ainda a necessidade de mais recursos para a Capes, ligada ao Ministério da Educação, e o CNPq, do Ministério da Ciência e Tecnologia.

Os recursos para a Capes caíram 25% em 2020, de R$ 4 bilhões para cerca de R$ 3 bilhões de reais. Depois, o Ministério da Educação conseguiu mais R$ 390 milhões.

No caso do CNPq, o dinheiro para bolsas foi mantido, mas as verbas para fomento à pesquisa caíram de R$ 127 milhões para R$ 16 milhões.

O presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência diz que o investimento vem caindo desde 2014, último ano do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, e o movimento não foi revertido:

“O que está acontecendo é que, com o corte acentuado de recursos nas três agências principais, na Capes, no CNPq e na Finep, isso está produzindo uma situação muito ruim para a ciência brasileira como um todo. E os nossos jovens já estão indo embora. E laboratórios estão começando a parar de funcionar. E nesse momento de pandemia, por exemplo, nós, se tivéssemos tido recursos nos anos anteriores, estaríamos muito melhor equipados hoje para enfrentar a situação”.

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