O vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progreso da Ciência (SBPC), Aldo Malavasi, foi convidado para o quadro de entrevistas do Jornal da Gazeta para falar sobre os desafios da pesquisa no Brasil e a atuação do Ministério da Educação (MEC). A conversa com a jornalista Denise Campos de Toledo foi ao ar na última sexta-feira, 31 de janeiro.
Malavasi comentou as polêmicas mais recentes envolvendo o MEC, especialmente a publicação da Portaria 2227, que restringe a participação de cientistas em eventos científicos, nacionais e internacionais. O pesquisador também falou sobre os impactos negativos dos cortes orçamentários nas agências de fomento à pesquisa no Brasil (Capes, CNPq e Finep) e a nomeação do novo presidente da Capes, Benedito Aguiar.
“A universidade brasileira é motivo de orgulho em qualquer evento internacional. Por isso que impedir os pesquisadores de viajarem a esses congressos é ridículo. Porque são grupos que se reúnem para avançar na pesquisa. Na realidade, a ida a um congresso resulta em economia. Isso que está acontecendo é uma miopia e nós esperamos que o Ministério reconsidere essa portaria”, disse Malavasi.
O vice-presidente da SBPC ressaltou que a ciência tem um papel central na sociedade e a base da atividade científica são as interações entre os pesquisadores. “Hoje nenhuma atividade humana consegue prescindir da ciência. Simplesmente nós respiramos ciência. E não é possível fazer ciência de forma isolada, você só consegue fazer ciência se interagir com seus pares. E essas interações acontecem nas reuniões científicas”.
Sobre a escolha do novo presidente da Capes, cujo posicionalmente favorável ao ensino do criacionismo nas escolas tem sido motivo de apreensão entre os cientistas no País, Malavasi disse que não existe ambiente que permita tal retrocesso – “ciência e fé não se misturam”, afirmou. Segundo ele, a comunidade científica espera que Benedito Aguiar mantenha o foco no problema grave de restrição orçamentária do setor. “Ele tem que brigar para conseguir repor o orçamento da Capes, que caiu 30% nesse ano. A gente espera que a área econômica reconsidere e consiga alocar mais recursos para Capes e também ao CNPq e à Finep”, declarou.
A entrevista completa pode ser acessada neste link.
Jornal da Ciência