Iniciada nos Estados Unidos com o intuito de alertar a sociedade a respeito da importância do conhecimento científico, a Marcha pela Ciência tomou as ruas de mais de 600 cidades pelo mundo em 22 de abril, dia em que se comemora o Dia Internacional da Terra. Para o Brasil, a Marcha não poderia ter acontecido em momento mais propício: é urgente que a comunidade e toda a população reajam ao aviltamento da nossa Ciência. Foi com esse propósito que a SBPC respondeu ao convite da professora Nathalie Cella para apoiar a divulgação da Marcha Pela Ciência no Brasil e abraçou a empreitada de levar essa manifestação por todo o País.
E foi graças à resposta de vários cientistas e amigos da ciência que 22 cidades brasileiras, espalhadas por 16 estados da federação, aderiram ao movimento e realizaram, cada um dentro de suas possiblidades, atividades em apoio à Marcha Pela Ciência no Brasil.
Nessa edição reunimos todas as atividades realizadas nessas cidades. Destacamos a participação da nossa presidente Helena B. Nader na Marcha, que discursou para o público no evento realizado no Largo da Batata, em São Paulo. Em suas palavras, o alerta severo contra o obscurantismo que assombra a Ciência em vários países, e no Brasil, onde a SBPC tem lutado diariamente contra retrocessos na legislação que ameaçam o futuro da pesquisa científica.
Trazemos um lúcido artigo do professor Walter Colli, que também discursou na Marcha em São Paulo, sobre a preocupante incompreensão da Ciência que leva, gradativamente, ao obscurantismo.
Entrevistamos os cientistas que participaram das Marchas pelo País, e perguntamos como eles avaliam essa primeira manifestação pública em prol de melhores políticas para a área de ciência, tecnologia e inovação.
Falamos ainda sobre como as marchas foram organizadas. Os colaboradores desses eventos compartilharam suas experiências e aprendizados, e o que podemos fazer para ter uma maior adesão em próximas manifestações desse tipo.
Uma das experiências que tiveram uma resposta positiva foi a divulgação de um mapa interativo, feito com o intuito de incentivar mais cidades a participarem. E, olhando este mapa, vemos que para uma primeira experiência, tivemos uma abrangência nacional bastante significativa. Todas as regiões do País registraram eventos.
Poderíamos ter tido mais participantes? Certamente. E teremos. Essa primeira Marcha foi uma experiência importante que nos levou a refletir sobre a necessidade de ampliar maciçamente o engajamento da sociedade com as questões da política científica e tecnológica brasileira. Afinal, é esta política que definirá se continuaremos um país dependente de tecnologias e exportador de commodities ou se nos tornaremos, finalmente, uma grande economia mundial e, para além disso, se conseguiremos chegar a uma sociedade justa e consciente.
Temos tudo para sermos um grande país. Mas precisamos dar à Educação e à CT&I a preponderância que estas áreas merecem dentro da nossa sociedade. Sem elas, não há desenvolvimento, não há crescimento, não há racionalidade.
A SBPC continua firme em sua luta pela recomposição do orçamento para ciência e tecnologia em níveis que possam garantir um Estado soberano, e totalmente inserido no novo cenário mundial da economia do conhecimento. Lutamos também contra o descrédito à evidência científica e uma tendência à crença em teorias obscurantistas. Ciência não é crença, ela é baseada em evidência. E precisamos de todos juntos nessa luta. A Marcha Pela Ciência no Brasil continua!
O PDF completo desta edição especial do Jornal da Ciência pode ser acessa online neste link.
Jornal da Ciência