Lattes: conhecer, experimentar e mudar o mundo

Reportagem da nova edição da Ciência & Cultura discute como pesquisas de Cesar Lattes contribuíram para formatar a física brasileira na segunda metade do século XX

whatsapp-image-2024-03-25-at-9-26-34-amEm 1947, Cesar Lattes protagonizou um marco na história da física de partículas ao colaborar na descoberta do méson pi, que não só elevou o prestígio da pesquisa brasileira no cenário mundial, mas também impulsionou o avanço científico nacional. Isso é o que discute reportagem da nova edição da Ciência & Cultura, que celebra o centenário do físico brasileiro César Lattes.

A descoberta do méson pi, ou píon, como é conhecido atualmente, em 1947, foi uma peça-chave na compreensão das forças nucleares. Lattes, junto a uma equipe de renomados físicos, como Cecil Powell, provou experimentalmente a existência dessa partícula que media tais forças. A utilização pioneira de placas fotográficas adicionadas com boro foi um dos feitos de Lattes que possibilitaram a detecção dos mésons pi nos raios cósmicos. “Deve-se ressaltar o talento científico de Lattes. Esse talento nato o levou às suas maiores contribuições para a Física que são indubitavelmente a descoberta do méson pi (ou píon), em 1947 em Bristol (Inglaterra) que valeu o Prêmio Nobel ao líder do grupo Cecil Powell e a produção artificial dessa partícula, no ano seguinte, em Berkeley (Estados Unidos), com o uso do sincrocíclotron, então mais potente acelerador de partículas do mundo”, pontua Nelson Studard, coordenador acadêmico e docente na Escola de Ciência Ilum, ligada ao Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM).

A colaboração Brasil-Japão, iniciada na década de 1960, foi outra importante contribuição de Cesar Lattes para o desenvolvimento da física. Juntamente com físicos japoneses, ele estudou a interação de partículas na atmosfera usando raios cósmicos em Chacaltaya, na Bolívia. Em 1952, o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) assinou um acordo com a Universidade de San Andrés, na Bolívia, para construir o pico do Monte Chacaltaya um laboratório onde os cientistas estudassem os raios cósmicos. O laboratório deu origem a novos grupos de pesquisa na Bolívia e em toda a América do Sul. Entre tantas reverberações que aconteceram a partir das pesquisas de Lattes, certamente uma das mais duradouras é a consolidação da área de estudos sobre raios cósmicos. “O Brasil é um dos expoentes nesta área até os dias de hoje, com dezenas de cientistas envolvidos no estudo não apenas dos raios cósmicos de altíssimas energias, mas também nas interações entre as partículas elementares”, afirma Carola Chinellato, professora do Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW), da Unicamp.

O trabalho e a reputação de Lattes abriram o caminho para o desenvolvimento da física experimental no Brasil e na América Latina. A opção de Lattes de permanecer no Brasil após a grande repercussão da descoberta do píon e os projetos nos quais se envolveu denotam sua esperança no futuro do país e confiança nos brasileiros como capazes de superar as grandes lacunas da época na formação científica e tecnológica.

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https://revistacienciaecultura.org.br/?p=5721

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