Mais de 600 pesquisadores brasileiros assinaram um manifesto em favor da democracia, divulgado nesta segunda-feira (22).
Os signatários não declaram voto em nenhum candidato, mas criticam ideias já defendidas pelo candidato Jair Bolsonaro (PSL), como tortura, intolerância, autoritarismo e incentivo à violência.
“Os regimes autoritários muito frequentemente instrumentalizam a ciência para fins contrários aos interesses da sociedade. A boa ciência necessita da crítica e do contraditório, do reconhecimento das diferenças e do respeito a opiniões divergentes, todas características que somente podem florescer em ambiente democrático”, afirma o manifesto.
Assinam o documento pesquisadores importantes, como o físico Ennio Candotti, presidente da SBPC (Sociedade Brasileira Para o Progresso da Ciência) em quatro oportunidades, o físico Glaucius Oliva, ex-presidente do CNPq, o professor de filosofia da USP e ex-ministro da educação Renato Janine Ribeiro, o físico Sérgio Rezende, ex-ministro da Ciência e Tecnologia no governo Lula e André Singer, cientista político da USP, ex-secretário de Imprensa da Presidência durante o período Lula e colunista da Folha.
Também são signatários do manifesto o físico Sérgio Mascarenhas Oliveira, o epidemiologista Cesa Victora, vencedor em 2017 do Prêmio Gairdner, uma das principais láureas na área de saúde, o neurocientista Sidarta Ribeiro, o antropólogo Otávio Velho e o climatologista Carlos Nobre.
Os pesquisadores, no documento, repudiam “com veemência, toda e qualquer apologia à tortura, as inúmeras formas de violação e as ameaças à preservação do meio ambiente praticadas por regimes autoritários do passado e do presente”.
Jair Bolsonaro (PSL), que lidera as pesquisas de intenção de voto, já anunciou que, eleito, retiraria o Brasil do Acordo de Paris, no qual enxerga ameaça à soberania nacional.
Veja o texto na íntegra: Folha de S. Paulo