Chegando em sua terceira edição na categoria “Meninas na Ciência”, que premia pesquisas científicas realizadas por estudantes do ensino médio e da graduação, o Prêmio Carolina Bori “Ciência & Mulher” tem um dado para se orgulhar: do total de meninas já premiadas, 82% decidiram seguir na carreira acadêmica e, ainda, muitas afirmam que a premiação foi um estímulo para escolherem a Ciência como profissão.
“É algo que eu nunca esperava na minha vida, pra começar”, conta Raquel Soares Bandeira, uma das vencedoras da primeira edição dedicada às jovens cientistas, realizada em 2021. “Assumo que, quando eu me inscrevi, eu me inscrevi bastante insegura, pensando: ‘Ah, meu projeto não é tão lá essas coisas, eu não sou lá tão essas coisas, então vou participar por participar’. E eu fiquei extremamente surpresa com o resultado. Muito, muito feliz mesmo. Foi uma lição para eu não me diminuir, acreditar nos meus sonhos e conseguir enxergar o quão capaz eu sou.”
Realizado pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), o Prêmio Carolina Bori “Ciência & Mulher”, em sua categoria “Meninas na Ciência”, já premiou 11 estudantes do ensino médio e da graduação. Para Francilene Garcia, vice-presidente da SBPC e coordenadora do Prêmio, é um dever das entidades científicas olhar para a juventude e estimular a Ciência como um caminho profissional.
“É fundamental que a gente reconheça os sonhos que essas jovens pesquisadoras trazem para as suas vidas. Desde as meninas que experimentam a iniciação científica antes de chegarem ao ensino superior até as que já estão no curso de graduação e têm a oportunidade de se envolver com a investigação científica. Por isso, precisamos batalhar por uma formação de qualidade que as torne futuras cientistas reconhecidas no País.”
Garcia complementa que o reconhecimento das pesquisas realizadas na etapa inicial da vida de uma jovem pesquisadora incentiva mais etapas da trajetória acadêmica, como o ingresso em programas de mestrado e doutorado.
“A SBPC, inclusive, teve uma satisfação imensa de receber mais de quatro centenas de inscrições na última edição do Prêmio, o que só demonstra a importância de se ter cada vez mais políticas públicas para incentivar pesquisadoras jovens a seguirem e se tornarem cientistas no País.”
Além da participação em cerimônia e da entrega de um troféu, as ganhadoras do Prêmio Carolina Bori também têm a oportunidade de viajar e participar da Reunião Anual da SBPC, o maior evento científico da América Latina.
Ao ser premiada em 2023, a jovem Alessandra Stefanello saiu do interior do Rio Grande do Sul e foi para Curitiba (PR), onde ocorreu a 75ª edição da Reunião Anual da SBPC. O contato com demais cientistas de realidades diferentes à sua impulsionou a vontade de seguir adiante. Reconhecida por uma pesquisa realizada na graduação, Alessandra se formou e seguiu no mestrado. Agora, projeta novos rumos.
“A carreira acadêmica é uma carreira um pouco solitária. E foi só eu entrar em um programa de pós-graduação que eu percebi que algumas pessoas estão ali para competir com você – eu acho que essa é a pior parte. Mas mesmo com todas essas questões, incluindo a questão financeira, ganhar o Prêmio e depois ir para a Reunião Anual me fizeram lembrar por que eu comecei a carreira científica e do porquê que eu quero seguir nela. Agora eu já estou prestando o doutorado, já quero emendar!”
Para realizar o levantamento sobre a situação acadêmica das vencedoras do Prêmio Carolina Bori, o Jornal da Ciência consultou os perfis de cada jovem na plataforma Lattes, sistema de informações do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Ter um perfil nessa plataforma, inclusive, é uma das exigências para as jovens poderem participar do Prêmio. Também foram realizadas entrevistas com algumas ganhadoras, de modo a identificar seus atuais contextos profissionais.
Além dos resultados positivos sobre a permanência das jovens ganhadoras na carreira científica, o levantamento também identificou que a realização de pesquisas no ensino médio e na graduação também estimulou o desenvolvimento profissional para o mercado de trabalho, como é o caso de Denise Barrozo de Paula, uma das vencedoras em 2023.
“Eu terminei a graduação, hoje sou psicóloga formada e estou atuando numa clínica no momento. Quero aprofundar mais os meus conhecimentos antes de partir para um mestrado, porque eu senti que precisava de uma experiência de fora, do mercado. Mas, de fato, eu tenho essa perspectiva de que eu não seria a psicóloga que sou hoje se não tivesse feito pesquisa na minha graduação. A pesquisa realmente mudou o rumo do que eu acredito enquanto psicóloga e a forma que eu atuo na minha clínica.”
As indicações para a 6ª edição do Prêmio Carolina Bori “Ciência & Mulher” podem ser feitas até 31 de outubro de 2024, e são voltadas a alunas cujas pesquisas de iniciação científica demonstrem criatividade, rigor metodológico e potencial para contribuir com o futuro da ciência no país. Com seis vencedoras – três do Ensino Médio e três da Graduação –, a premiação abrange as três grandes áreas do conhecimento: Humanidades; Biológicas e Saúde; e Engenharias, Exatas e Ciências da Terra.
As interessadas devem ser indicadas por professores, orientadores, coordenadores de escola ou organizadores de olimpíadas e feiras científicas nacionais. Todas as informações sobre as regras de participação estão disponíveis no Edital do Prêmio. As indicações devem ser feitas exclusivamente pelo formulário online, disponível neste link, com os documentos solicitados anexados.
Para mais informações, visite o site da SBPC ou entre em contato pelo e-mail premiocarolinabori@sbpcnet.org.br.
Rafael Revadam– Jornal da Ciência