Mais quente, mais desigual

Impactos econômicos das mudanças climáticas geram perdas na renda e aprofundam desigualdades. Confira em reportagem da nova edição da Ciência & Cultura

cec2609Os impactos das mudanças climáticas não são apenas uma preocupação ambiental, mas também uma realidade econômica palpável. Um estudo do Instituto Potsdam sobre o Impacto Climático, publicado na revista Nature em abril deste ano, revela que as perdas econômicas globais já somam cerca de R$ 300 milhões. Com as emissões de gases de efeito estufa já causando mudanças significativas no clima, o Produto Interno Bruto (PIB) mundial poderá sofrer uma queda de 19% até 2049, mesmo que as emissões sejam interrompidas. Isso é o que discute reportagem da nova edição da Ciência & Cultura, que tem como tema “Mudanças climáticas e a transversalidade do conhecimento”.

Regiões mais vulneráveis, como o Sul da Ásia, a África e o Brasil, enfrentarão perdas ainda mais severas. Segundo o matemático e economista Sergio Margulis, professor da PUC-RJ, “o aquecimento global é profundamente injusto. Os países que mais contribuíram para o problema estão mais bem preparados para seus efeitos.” No Brasil, o Nordeste, com sua população mais pobre, é a área mais afetada, onde o aumento da temperatura e a prolongação de períodos secos podem causar sérios problemas, incluindo migrações forçadas.

Um relatório de 2023 do Centro de Ciência e Política de Mudança Climática nos Estados Unidos já previa perdas econômicas globais de US$ 1,5 trilhão, com os países de baixa renda, dependentes da agricultura, sendo os mais impactados. Além disso, eventos climáticos extremos têm sido cada vez mais frequentes, exigindo uma adaptação urgente na produção agrícola. O Zoneamento Agrícola de Riscos Climáticos (Zarc), ferramenta desenvolvida com a participação da Embrapa e da Unicamp, tem se mostrado essencial para minimizar esses riscos.

Durante a COP28, o governo brasileiro apresentou o Plano de Transformação Ecológica (PTE), que visa alinhar desenvolvimento econômico e sustentabilidade. O plano prevê investimentos de US$ 130 a 160 milhões por ano em áreas como urbanização e transição energética, incluindo a obrigatoriedade do uso de biodiesel. Segundo Ademar Romeiro, professor da Unicamp, o PTE é uma proposta de macroeconomia ecológica que precisa de ações decisivas para substituir combustíveis fósseis por alternativas renováveis.

Atualmente, como presidente do G20, o Brasil lidera uma Força-tarefa para Mobilização Global contra a Mudança do Clima, buscando alinhar esforços internacionais para combater a crise climática. Luiz Marques, historiador e professor aposentado da Unicamp, alerta que a única saída viável para a economia é optar por um decrescimento planejado e socialmente justo, em vez de esperar que as mudanças climáticas forcem essa transição de maneira catastrófica. “As únicas alternativas reais são: decrescer catastroficamente por imposição do clima, da aniquilação da biodiversidade e da intoxicação químico-industrial dos organismos, ou decrescer a partir de um modo pacífico e com justiça social. A escolha ainda é nossa”, alerta.

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https://revistacienciaecultura.org.br/?p=7090

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