MCTI lança projeto “Entre Ciências: Territórios de Saber em Diálogo”

Evento de lançamento será hoje, quarta-feira, a partir das 16h, com transmissão ao vivo pelo canal do Ministério no YouTube. Na mesma ocasião será lançado novo volume da coleção “Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil”, obra coordenada por Manuela Carneiro da Cunha, Sônia Barbosa Magalhães e Cristina Adams e publicada em parceria com a SBPC

WhatsApp Image 2025-08-19 at 15.04.34O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) lança hoje, 20 de agosto, às 16h, no Auditório Renato Archer (Esplanada dos Ministérios, Bloco E), em Brasília (DF), o projeto Entre Ciências: Territórios de Saber em DiálogoO evento terá transmissão ao vivo pelo canal do MCTI no YouTube, neste link.

A iniciativa busca fortalecer a pesquisa colaborativa e intercultural, promovendo o diálogo entre conhecimentos acadêmicos e os saberes de povos indígenas, quilombolas, comunidades tradicionais e agricultores familiares — reconhecidos como territórios centrais de produção coletiva do conhecimento e de inovação social, essenciais para enfrentar desafios ambientais, climáticos e sociais contemporâneos.

O evento de lançamento terá uma mesa de abertura com os parceiros institucionais do projeto e, em seguida, o painel “Desafios da Pesquisa Intercultural e Diálogos de Saberes”, que contará com a participação de Gersem Baniwa, Manuela Carneiro da Cunha e Vercilene Kalunga. Ao final da programação, haverá um coquetel para os convidados.

Coordenado pelo MCTI e executado pelo Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), o projeto tem a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) como sub-executora de um dos componentes e a parceria do Ministério dos Povos Indígenas e do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. O Entre Ciências é financiado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF) e implementado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

15seçãoNa mesma ocasião, também será lançado o volume referente à Seção 15 (Parte VI) da coleção Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil, dedicada às pesquisas interculturais com povos indígenas. A coleção completa reúne 17 seções, organizadas em seis partes, sob coordenação de Manuela Carneiro da Cunha (USP e Universidade de Chicago)Sônia Barbosa Magalhães (UFPA) e Cristina Adams (USP).

Segundo as coordenadoras, trata-se de um acervo fundamental não apenas para tomadores de decisão, mas também para povos tradicionais e cientistas de diversas áreas. O estudo apresenta uma síntese das contribuições de povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais à biodiversidade, incluindo serviços ecossistêmicos, além de analisar políticas públicas que os afetam positiva ou negativamente, os conflitos e as ameaças. A obra também compila avaliações e recomendações de organismos internacionais relacionadas aos compromissos assumidos pelo Brasil.

Manuela Carneiro da Cunha ressalta a colaboração efetiva entre cientistas indígenas e não indígenas na pesquisa. O volume reúne exemplos dessa prática, como o sistema agrícola Kuikuro no Território Indígena do Xingu; estudos sobre os Guarani Kaiowá, que destacam a atuação conjunta de acadêmicos indígenas e não indígenas em disputas territoriais; e projetos de longo prazo conduzidos com os Wajãpi, Yanomami e povos do Alto Rio Negro, apoiados por organizações como o Iepé e o Instituto Socioambiental (ISA).

“Essas pesquisas são justificadamente percebidas como um modo de valorizar para a opinião pública a importância do conhecimento e do modo de vida local para a conservação das florestas e da biodiversidade”, escreve na introdução da seção 15.

Tais casos ilustram como as pesquisas colaborativas valorizam conhecimentos locais para a conservação ambiental, fortalecem associações indígenas na gestão territorial e promovem a produção de materiais em línguas nativas para uso nas escolas. Também revelam as diferenças de contexto e risco: enquanto os Kuikuro desfrutam da paz no Xingu, os Yanomami enfrentam há décadas invasões de garimpeiros ilegais e os Guarani Kaiowá seguem em luta pela retomada de seus territórios.

A coleção foi encomendada pelo MCTI, viabilizada pelo CNPq, com apoio adicional da Plataforma Brasileira de Serviços Ecossistêmicos (BPBES) e de um doador anônimo. Segue as diretrizes da Plataforma Intergovernamental de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES) e busca reunir e resumir o conhecimento atual em linguagem acessível ao público. Publicada ao longo dos últimos anos em volumes avulsos no portal da SBPC, a obra está acessível de forma gratuita a todos neste link:  https://portal.sbpcnet.org.br/publicacoes/povos-tradicionais-e-biodiversidade-no-brasil/

SERVIÇO:

Lançamento do Projeto ‘Entre Ciências: Territórios de Saber em Diálogo’

Data: 20 de agosto, quarta-feira, às 16h

Local: Auditório Renato Archer, no Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação (MCTI), Esplanada dos Ministérios, Bloco E

Transmissão: Entre-ciências: territórios de saber em diálogo

 Programação:

16h – Mesa de abertura

17h – Painel Desafios da Pesquisa Intercultural e Diálogos de Saberes com Dr. Gersem Baniwa, Dr.ª Manuela Carneiro da Cunha e Ma. Vercilene Kalunga.

 

Jornal da Ciência