Meio ambiente no centro dos debates da 76ª Reunião Anual da SBPC

O evento, que será realizado em parceria com a UFPA, entre os dias 7 e 13 de julho, em Belém, terá como tema “Ciência para um futuro sustentável e inclusivo: por um novo contrato social com a natureza”

rasbpc

Com o tema “Ciência para um futuro sustentável e inclusivo: por um novo contrato social com a natureza”, as questões ligadas ao Meio Ambiente estarão no centro dos debates da 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) deste ano. O evento será uma oportunidade para discutir a importância estratégica do desenvolvimento sustentável do país, e em particular da Amazônia, intensificar o debate sobre as mudanças climáticas, e contribuir na preparação das discussões científicas para a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) em novembro de 2025. A abertura será no dia 7 de julho, no Theatro da Paz, e a programação seguirá de 8 a 13 de julho, no campus Guamá da Universidade Federal do Pará (UFPA).

A programação científica terá 286 atividades, entre debates, mesas-redondas e sessões especiais, com renomados cientistas, autoridades e personalidades de diversas áreas compartilhando suas perspectivas sobre o tema desta edição da Reunião Anual.

Serão 208 debates presenciais e 78 virtuais, com o objetivo de engajar e inspirar públicos de todos os grupos e interesses. A programação completa está disponível no site do evento (https://ra.sbpcnet.org.br/76RA/), onde é possível conferir todos os detalhes e se planejar para aproveitar ao máximo essa experiência.

Renato Janine Ribeiro, presidente da SBPC, conta que a entidade tomou a iniciativa de propor à UFPA sediar a 76ª Reunião Anual da SBPC à Belém pela oportunidade de realizar na região Amazônica um evento para discutir e promover a sustentabilidade em tempos de crise climática. “Será uma reunião belíssima, com uma programação cultural muito intensa organizada pela UFPA. O evento irá reunir cientistas e pesquisadores de diferentes regiões do País, mas todos com o foco de debater e estabelecer um novo contrato social com a natureza. Queremos pensar como podemos construir uma sociedade mais justa e sustentável.”

Claudia Linhares Sales, secretária-geral da SBPC e também responsável pela coordenação do evento, acredita que a realização desta Reunião Anual no Pará, na região amazônica, dará mais visibilidade às discussões sobre o Meio Ambiente e para o importante trabalho de cientistas e instituições de todo o País em busca de soluções para a crise ambiental. “A gente espera que a SBPC antecipe os grandes debates da COP30, porque as soluções para a Amazônia brasileira têm que ser encontradas no Brasil, com a ciência que se faz aqui. Afinal, quem mais conhece a Amazônia são os cientistas e a população locais”, diz.

Paulo Artaxo, vice-presidente da SBPC e referência internacional na ciência das mudanças climáticas, ressalta que a agenda ambiental, climática e de desenvolvimento sustentável está no centro das questões hoje, não só no Brasil, mas no mundo todo. “A SBPC está focando a sua Reunião Anual, exatamente nesses termos que são críticos para o desenvolvimento do nosso país, principalmente na Amazônia e, em particular, em vistas da realização da COP30 em Belém, onde certamente novos acordos internacionais de redução de emissões de gás de efeito estufa serão desenhados. Por isso, a SBPC vai contribuir nessa discussão, com muitas mesas-redondas e conferências discutindo os principais temas que vão ser tratados na COP30, mas se voltando para a realidade brasileira, discutindo, assim, estratégias de desenvolvimento sustentável para todo o Brasil e o planeta.”

Programação

Com um tema voltado para a necessidade de se estabelecer um novo contrato social com a natureza, a programação científica irá discutir diversos temas associados às questões das mudanças climáticas globais, aos eventos climáticos extremos e, em particular, ao papel da Amazônia.

Artaxo ressalta que a Amazônia é uma questão central na questão das mudanças climáticas globais pelo seu papel no balanço de carbono e também na questão da emissão do vapor d’água para a atmosfera global.

Entre tantos assuntos, o vice-presidente da SBPC chama a atenção para a questão do mercado de carbono, que será tratada no evento, e como estruturar mecanismos para fazer com que os benefícios sejam revertidos para as comunidades que vivem nas regiões de interesse. “Isso é um desafio muito grande e até hoje nenhuma regulamentação do mercado de carbono foi feita voltada para as populações locais, infelizmente. Nós iremos discutir como beneficiar essas populações locais, que é efetivamente o que interessa na questão da preservação da Amazônia através do mercado de carbono”, explica. Artaxo é também membro do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês).

O tema sobre os créditos de carbono será abordado na conferência “Povos indígenas e quilombolas face às iniciativas de institucionalização do mercado de créditos de carbono”, que será proferida por Alfredo Wagner Berno de Almeida, professor permanente do PPG Interdisciplinar em Ciências Humanas da Universidade do Estado do Amazonas (PPGICH-UEA) e do PPG em Cartografia Social e Política da Amazônia (PPGCSPA) da UEMA. A atividade será moderada por Jane Felipe Beltrão, da UFPA.

Outra questão ligada ao assunto será tratada na mesa-redonda “Mudanças climáticas e ciclo de carbono na Amazônia”, que será mediada por Artaxo. A atividade contará com a participação de Vania Neu, da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), Bruce Rider Forsberg, gerente científico do Programa de Grande Escala da Biosfera- Atmosfera na Amazônia – LBA do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), e Jose Antonio Marengo Orsini, pesquisador titular e coordenador geral de Pesquisa e Desenvolvimento no Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).

Outra discussão que merece destaque é a mesa-redonda intitulada “O DNA e o clima: a genômica como ferramenta para compreensão dos impactos das mudanças climáticas”. Coordenada por Marcos Paulo Alves de Sousa, tecnologista sênior do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e professor adjunto do Centro Universitário do Pará (CESUPA), a atividade contará com a participação de Alexandre Luis Padovan Aleixo, pesquisador titular do Instituto Tecnológico Vale (ITV) e professor dos cursos de pós-graduação em Biodiversidade e Evolução do MPEG, Lincoln Silva Carneiro, professor adjunto da UFPA, e Rodrigo Bentes Kato, docente e pesquisador vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Bioinformática da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Os “Eventos climáticos extremos e as vulnerabilidades do Brasil” será tema de conferência no último dia de programação científica. Proferida por Tércio Ambrizzi, professor titular do Departamento de Ciências Atmosféricas no Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP, e a atividade contará com a participação de Paulo Artaxo.

Outro assunto que merece evidência é a conferência “Desafios e oportunidades de TIC na Amazônia: da inclusão digital à bioeconomia”, que será proferida por Eduardo Coelho Cerqueira, professor associado III da Faculdade de Engenharia da Computação e Telecomunicações do Instituto de Tecnologia da UFPA. A atividade será apresentada por José Luiz de Souza Pio, professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).

Claudio Fabian Szlafsztein, professor da UFPA, irá palestrar sobre os “Desastres hidroclimáticos nas cidades amazônicas – reflexões”, cuja atividade contará com a apresentação de Sheila Gatinho Teixeira, pesquisadora em Geociências da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM).

“O estado atual da malária na região amazônica” será abordado em conferência por Giselle Rachid Viana, pesquisadora titular em Saúde Pública do Instituto Evandro Chagas (IEC/SVS/MS) e responsável pelo Laboratório de Pesquisas Básicas em Malária (LPBM). A atividade será apresentada por José Mauro Peralta, professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

A questão da saúde pública contará com a mesa-redonda “Grandes empreendimentos na região amazônica e os impactos na saúde pública”. Coordenada por Andrea Mara Macedo, professora titular do Departamento de Bioquímica e Imunologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o debate contará com a participação de Livia Caricio Martins, presidente do Comitê Técnico Científico do Instituto Evandro Chagas (IEC), Lucile Maria Floeter-Winter, professora titular do Departamento de Fisiologia do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP), Rosemary Ferreira de Andrade, professora titular da Universidade Federal do Amapá, e Luisa Caricio Martins, professora titular da UFPA.

Ronaldo Adriano Christofolettix, coordenador do Programa Maré de Ciência da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), por sua vez, falará sobre “A ciência que precisamos para o oceano que queremos: a importância da Amazônia para a década do oceano”, em conferência. A atividade será apresentada por Jussara Moretto Martinelli Lemos, professora titular da UFPA.

Arqueologia da Amazônia será tema da mesa-redonda intitulada “Amazônia revelada: arqueologia para salvar o passado, o presente e o futuro”.  Coordenada por Marcia Bezerra de Almeida, professora associada IV da UFPA, a atividade terá como palestrantes: Eduardo Góes Neves, professor titular e diretor do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP; Bruna Cigaran da Rocha, professora adjunta de Arqueologia do Programa de Antropologia e Arqueologia na Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa); e Carlos Augusto da Silva, professor colaborador da Ufam e Universidade do Estado do Amazonas (UEA).

Políticas de CT&I

Paulo Artaxo ressalta ainda a importância do aumento do suporte ao desenvolvimento científico, tecnológico e educacional da região amazônica, tema que também será tratado no evento. “Será muito discutido o fortalecimento das instituições de pesquisa e universidades na Amazônia e como aumentar a integração da Ciência em nosso país, com as universidades dos demais países amazônicos, robustecendo um sistema integrado de desenvolvimento científico tecnológico da região.”

Dentre esses assuntos está a mesa-redonda “Os desafios às políticas de CT&I para Amazônia” que será coordenada por Marilene Corrêa da Silva Freitas, professora titular do Departamento de Ciências Sociais da Ufam e diretora da SBPC. Os palestrantes da atividade são os cientistas Alfredo Wagner Berno de Almeida, professor da UEA e da UEMA; Ima Célia Guimarães Vieira, pesquisadora titular do Museu Paraense Emílio Goeldi; Tanara Lauschner, professora da Ufam; e Rosane Nassar Meireles Guerra, professora titular e diretora do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde na Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

Ainda neste tema, outro assunto relevante será coordenado por Emmanuel Zaguri Tourinho, reitor e professor titular da UFPA. A mesa-redonda “Integração amazônica: desafios e perspectivas” irá contar com a participação de Vanessa Grazziotin, diretora executiva da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), Leandro Juen, professor associado I do Instituto de Ciências Biológicas da UFPA, e Paulo Artaxo, coordenador do Centro de Estudos Amazônia Sustentável da USP e vice-presidente da SBPC.

Festa da Ciência

Considerado o maior evento científico da América Latina, as Reuniões Anuais da SBPC são gratuitas e abertas a todos. Reúnem todos os anos milhares de pessoas – cientistas, professores e estudantes de todos os níveis, profissionais liberais e visitantes, além de autoridades e formuladores de políticas públicas sobre ciência e tecnologia no País.

Sua programação inclui atividades como a SBPC InovaçãoSBPC Afro e Indígena e a SBPC Educação. Inclui ainda exposições como a SBPC Jovem e a ExpoT&C, com atrações trazidas por instituições de todos o País para todas as idades e interesses.

A 76ª edição é uma realização da UFPA e da SBPC, que tem como sócios institucionais a Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Os patrocinadores são a Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp), a Finep, Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Esta Reunião Anual tem como parceiros institucionais a Universidade do Estado do Pará (Uepa), o Instituto Federal do Pará (IFPA), a Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), a Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), a Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) e o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG).

Conta, também, com o apoio da Prefeitura de Belém, da Semec, da Secretaria de Estado de Cultura-SECULT-PA, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), do Ministério da Educação, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e Ministério de Desenvolvimento Social.

Programe-se e participe!

Para mais informações: https://ra.sbpcnet.org.br/76RA/

Vivian Costa – Jornal da Ciência