Encontro apresenta os impactos do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid)
“Mais que um programa de formação de professores, o Pibid é um fenômeno complexo com muitas implicações”. A afirmação é do professor Maurivan Guntzel Ramos, que trouxe para a 66ª Reunião Anual da SBPC, no Acre, a experiência da PUC do Rio Grande do Sul dentro do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid). Ao lado da professora Araci Asinelli-Luz, da Universidade do Paraná (UFPR), e da pedagoga Claudete Cardoso, coordenadora de Valorização da Formação Docente da Capes/MEC, eles debateram os impactos do programa na tarde deste sábado (26).
Com 12 cursos envolvidos no Pibid, dez escolas públicas parceiras e cerca de 4.500 alunos de educação básica atendidos, a PUCRS tem uma estrutura sólida e bem sucedida. “Montamos o AUE – Articulação Universidade Escola que reúne todos os ‘pibidianos’ e sua ações”, explicou Ramos. Para ele o principal impacto do programa sobre os licenciandos – alunos de Licenciaturas – é o desenvolvimento da visão crítica sobre a escola e o crescimento profissional desses futuros docentes.
Ramos também destacou a ampliação do interesse do licenciando pela pesquisa sobre a docência, pois durante o programa eles são estimulados a analisar e utilizar diferentes dados. “Eles começam a ver a importância da pesquisa para sua qualificação como professor”, disse. Ainda segundo ele, o Pibid pode contribuir para a diminuição do gap (abismo) que há entre a pesquisa acadêmica e a prática docente na escola.
O professor lembrou um dado apresentado pelo presidente da Capes, Jorge Guimarães, em uma palestra nessa reunião da SBPC, no Acre, que o deixou muito impactado. “O Guimarães disse que de 48 áreas de ensino, o Direito e a Educação são as que não têm contribuído para o desenvolvimento do país. Isso é grave e em parte atribuo aos problemas de gestão nas escolas. Poderia ser feito algo semelhante ao Pibid para formar gestores”, sugeriu.
Ele apresentou uma série de depoimentos gravados de licenciandos da PUCRS sobre suas experiências no Pibid. Em um deles, um jovem lembra como o programa o ajudou a definir seu curso superior. “Eu cursava o Ensino Médio e minha escola participou do Pibid. Entrei em contato com alunos do curso de Química da PUCRS e eles me inspiraram a fazer licenciatura nessa área. Hoje como universitário também sou ‘pibidiano”.
Em outro depoimento, uma aluna de Letras resumiu o entendimento geral sobre os objetivos do programa: “transformar futuros professores, em professores do futuro”.
Troca de experiências
Para a pedagoga Claudete Cardoso, coordenadora de Valorização da Formação Docente da Capes/MEC, a integração da educação superior com a educação básica e a valorização da escola como espaço de formação de professores estão entre os resultados esperados do Pibid. “É a universidade fazendo parte da comunidade. E um dos ganhos do programa está na volta do professor da educação básica para a universidade, para fazer uma especialização, um mestrado. A integração, a conversa, a parceria, facilitam esse retorno”, explicou.
Além de atrair o professor de volta para a universidade, ela afirma que os professores universitários de diferentes áreas e participantes do Pibid conversam mais. “Há uma diversificação das atividades com aulas mais práticas, minicursos, oficinas e visitas técnicas”, disse.
Ela acredita que o Pibid pode avançar mais e amadurecer. “Qualificar mais e ter mais experiências que ajudem os professores”, avaliou Claudete Cardoso.
Sobre o Pibid
O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid) é uma iniciativa da Capes para o aperfeiçoamento e a valorização da formação de professores para a educação básica.
O programa concede bolsas a alunos de licenciatura participantes de projetos de iniciação à docência, desenvolvidos por Instituições de Educação Superior (IES) em parceria com escolas de educação básica da rede pública de ensino.
A Capes concede cinco modalidades de bolsa aos participantes do projeto: Iniciação à docência, Supervisão, Coordenação de área, Coordenação de área de gestão de processos educacionais e Coordenação institucional.
Os projetos devem promover a inserção dos estudantes no contexto das escolas públicas desde o início da sua formação acadêmica para que desenvolvam atividades didático-pedagógicas sob orientação de um docente da licenciatura e de um professor da escola.
Entre os objetivos estão o de incentivar a formação de docentes em nível superior para a educação básica; contribuir para a valorização do magistério; elevar a qualidade da formação inicial de professores nos cursos de licenciatura, promovendo a integração entre educação superior e educação básica; além de contribuir para a articulação entre teoria e prática necessárias à formação dos docentes, elevando a qualidade das ações acadêmicas nos cursos de licenciatura.
Mais informações no http://www.capes.gov.br/educacao-basica/capespibid
(Edna Ferreira / Jornal da Ciência)