Mudanças climáticas ameaçam a segurança alimentar, desde a produção até o consumo

Reportagem da nova edição da Ciência & Cultura discute como ecologia pode atuar no combate e na prevenção da insegurança alimentar

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Manter uma dieta equilibrada e saudável é crucial para o bom funcionamento do organismo e para a prevenção de doenças como desnutrição, doenças crônicas e certos tipos de câncer, segundo a Organização Panamericana de Saúde (OPAS). No entanto, garantir uma alimentação adequada é um desafio que começa muito antes da escolha dos alimentos, envolvendo processos complexos que vão desde o cultivo e armazenamento até as condições climáticas. Mudanças na temperatura e nos padrões de chuva podem afetar significativamente a produção de alimentos, contribuindo para a insegurança alimentar. Isso é o que discute artigo da nova edição da Ciência & Cultura, que traz como tema “Mudanças climáticas e a transversalidade do conhecimento”.

O Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC) de 2023, documenta um aumento de 1,1 ºC na temperatura global entre os períodos de 1850-1900 e 2011-2020. Embora esse aumento possa parecer pequeno, pesquisas apontam que já impactou a produção de alimentos, diminuindo a produtividade de culturas como milho, arroz e cana-de-açúcar e reduzindo o consumo calórico diário em 27 dos 53 países vulneráveis analisados.

Alterações na produção de alimentos afetam o acesso a esses produtos, elevando preços ou fazendo com que certos alimentos não cheguem aos mercados. Essas mudanças podem levar à substituição de alimentos nutritivos por opções de baixo valor nutricional, exacerbando a insegurança alimentar. “Esse gradiente vai desde reduzir as porções do que se come até a fome”, explica Felipe Pimentel Lopes de Melo, biólogo e pesquisador do Departamento de Botânica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). “Ele começa a se agravar quando substituímos alimentos de boa qualidade por refeições com valor calórico alto e nutricional baixo e inclui também a necessidade de saltar as refeições”, completa. Além das secas e enchentes que ameaçam a agricultura, a elevação do nível do mar e da temperatura pode prejudicar a pesca. As mudanças podem afetar tanto o valor nutricional quanto o valor de mercado dos peixes, além de aumentar a proliferação de microrganismos e toxinas.

O aumento de pragas devido às novas condições climáticas também está afetando a produção agrícola. Estudo da ONU aponta que organismos causadores de doenças em plantas estão se tornando mais destrutivos, prejudicando culturas em diferentes partes do mundo. Isso pode levar a um aumento nos preços de alimentos e a um impacto negativo na qualidade nutricional das dietas. “A ecologia pode atuar no combate e na remediação de todos esses níveis de insegurança alimentar. Seja na produção e no aumento da quantidade de alimentos, como também na produção sustentável de alimentos que possam ser baratos, acessíveis, que façam uso da biodiversidade local para fornecer nutrientes diversos, com valor nutricional e cultural. Tudo isso é papel da ecologia”, afirma Felipe de Melo.

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https://revistacienciaecultura.org.br/?p=6911

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