A nova gestão da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) será majoritariamente feminina. A diretoria que acompanhará o professor e filósofo Renato Janine Ribeiro — que assumiu o posto em 23 de julho e vai conduzir a instituição até julho de 2023 — é composta por sete mulheres e um homem, o vice-presidente Paulo Artaxo.
Das sete mulheres, uma é também vice-presidente: a socióloga Fernanda Sobral, que cumpre seu segundo mandato. As outras são: Claudia Linhares Sales (secretária-geral); Miriam Pillar Grossi, Laila Salmen Espíndola e Francilene Procópio Garcia (secretárias); Marimélia Porcionatto e Ana Tereza de Vasconcelos (primeira e segunda tesoureiras). Além da alta direção, mais da metade dos eleitos para o comando das secretarias regionais foi de mulheres.
A SBPC já teve três presidentes mulheres: a psicóloga Carolina Bori (1987-1989), a bioquímica Glaci Zancan (1999-2003) e a biomédica Helena Nader (2011-2017). Porém, a presença de mulheres em posição de comando na área científica é uma exceção no país. A Academia Brasileira de Ciências (ABC), por exemplo, fundada em 1916, nunca teve uma mulher presidente.
Dentro da estrutura governamental da ciência brasileira, a ausência de mulheres em posições de comando também é evidente. O Ministério da Ciência e Tecnologia teve 22 titulares desde que foi estabelecido 1987 – nenhum deles mulher. Em 2016, com a saída de Celso Pansera, a pasta foi conduzida temporariamente (por apenas um mês) pela advogada Emília Maria Silva Ribeiro Curi. Em 70 anos de história, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) nunca teve uma presidente mulher. A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), criada em 24 de julho de 1967, tampouco.
Apenas a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), ligada ao Ministério da Educação — que também completou 70 anos em 2021 — teve três presidentes mulheres: Susana Gonçalves (1964-1966), Maria Andréa Loyola (1992-1994) e Eunice Ribeiro Durham (três mandatos: 1990-1991, 1992 e 1995).
Fernanda Sobral afirma que este é um cenário inesperado e curioso. “Nessa última gestão tivemos uma maioria de mulheres, mas nunca foi sete a dois como vai ser agora”. Para ela, será uma situação interessante que tende a repercutir nos debates sobre a presença feminina no universo científico. “Penso que o fato da SBPC agora ser representada na Diretoria por sete mulheres vai ser um estímulo para as mulheres na ciência”.
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Janes Rocha – Jornal da Ciência