SBPC em luto pela perda de Sérgio Ferreira

Lamentamos profundamente o falecimento de Sérgio Henrique Ferreira neste domingo. Presidente da SBPC por dois períodos, entre 1995 e 1999, e presidente de honra da entidade, Sérgio era cientista, médico, farmacologista, bastante conhecido internacionalmente por sua descoberta de medicamento de maior uso contra hipertensão, o Captocril.

Ex-presidente e presidente de honra da SBPC, o médico e farmacologista de renome internacional faleceu neste domingo, dia 17

Lamentamos profundamente o falecimento de Sérgio Henrique Ferreira neste domingo. Presidente da SBPC por dois períodos, entre 1995 e 1999, e presidente de honra da entidade, Ferreira era cientista, médico, farmacologista, bastante conhecido internacionalmente por sua descoberta de medicamento de maior uso contra hipertensão, o Captopril.

O medicamento foi desenvolvido a partir da descoberta de Ferreira sobre o “fator de potencialização da braticinina”, peptídeo derivado do veneno da jararaca. O primeiro trabalho sobre as propriedades da substância foi publicado em 1965, no British Journal of Pharmacology, e estes estudos permitiram o desenvolvimento de uma nova classe de substância hipotensora. Mais recentemente, descobriu-se que na insuficiência cardíaca e na lesão devido ao infarto do miocárdio, a potenciação dos efeitos da bradicinina possui um efeito cardioprotetor. Estima-se que a venda mundial desses medicamentos já ultrapassou o montante de 8 bilhões de dólares.

Por estes estudos, o cientista brasileiro, juntamente com dois cientistas da Bristol Myers Squibb Farmacêutica, recebeu, em 1983, o Prêmio Ciba Award For Hypertension Researchoutorgado pela American Heart Association. Em 1990, a Sociedade de Hipertensão Norueguesa instituiu o Prêmio “Ferreira Award” para os pesquisadores cujas pesquisas se sobressaíssem na área de hipertensão.

Reconhecimento

A mãe de Ferreira era farmacologista, seu pai, médico. Cresceu em São Paulo, estudou medicina na Faculdade de Medicina da USP e, logo que se formou, iniciou a carreira de pesquisador na Faculdade e Medicina da USP em Ribeirão Preto, onde se tornou professor titular do Departamento de Farmacologia.

No período do regime militar, viveu com a esposa de toda a vida, Maria Clotilde Rossetti Ferreira, na Inglaterra, onde obteve dois pós-doutorados pelo Royal College Of Surgeons Of England.

O médico também ficou reconhecido internacionalmente por sua contribuição na área de analgésicos anti-inflamatórios. Ele participou nos experimentos de John R. Vane que levaram ao descobrimento do mecanismo de ação das drogas do tipo da aspirina. Vane foi laureado com o Prêmio Nobel de Medicina de 1982 por suas contribuições nesta área, inclusive.

Com seu grupo de pesquisa em Ribeirão Preto, Ferreira descobriu o mecanismo de ação analgésica periférica da dipirona e propôs o desenvolvimento de drogas opiáceas de ação periférica. Em 1990, por seus trabalhos em inflamação e analgesia, foi agraciado com o “Scientific Merit Award”, pela Interamerican Society for Clinical Pharmacology and Therapeutics.

Ferreira orientou mais de 20 teses de doutorado e teve mais de 300 artigos publicados em periódicos científicos. Pela relevância de seus trabalhos científicos, recebeu duas vezes, em 1990 e 1992, o prêmio da Academia de Ciências do Terceiro Mundo (TWAS). Em 1999, foi eleito pela Folha de São Paulo o cientista brasileiro mais citado no exterior.

Ele desempenhou um importante papel na Saúde Pública brasileira participando em comissões e órgãos públicos relacionados com o Controle de Medicamentos. Foi presidente da Sociedade Brasileira de Farmacologia e Terapêutica Experimental (SBFTE) e da Federação de Sociedades de Biologia Experimental (Fesbe), que congrega as mais importantes sociedades da área biomédica experimental. Foi um dos fundadores e um dos diretores do Brazilian Journal of Medical and Biological Sciences, a revista brasileira de maior impacto internacional na área de biociências.

Ao longo de sua carreira, acumulou dezenas de prêmios, títulos e homenagens, como a Ordem Nacional do Mérito Científico, na classe da Grã-Cruz, de 1996, e o primeiro prêmio por excelência em pesquisa sobre a dor e gerenciamento em países em desenvolvimento (2005), da Associação Internacional de Estudos sobre a Dor (IASP, na sigla em inglês). Era ainda membro da Academia Nacional de Ciências, dos Estados Unidos, e da Academia Brasileira de Ciências (ABC).

O velório de Sérgio Ferreira será no prédio central da Faculdade de Medicina da USP, Ribeirão Preto, das 8 às 14 horas desta 2ª feira, dia 18. O cortejo seguirá para o cemitério Bom Pastor e o enterro está previsto para às 15h30. Nossos profundos sentimentos de pesar e tristeza pela passagem desse grande amigo e companheiro de lutas pela ciência em nosso País.

Assessoria de Comunicação – SBPC, com informações da ABC