Uma das principais referências da linguística da América Latina, o professor emérito da Universidade Federal de Pernambuco foi conselheiro da SBPC de 1991 a 1995 e membro da Diretoria de 1997 a 2001. Ele faleceu nesta terça-feira, 6 de setembro
A SBPC recebeu com profundo pesar a notícia sobre o falecimento do linguista e professor emérito da Universidade Federal de Pernambuco, Luiz Antonio Marcuschi. Ele faleceu nesta terça-feira, 6 de setembro, aos 70 anos, em Recife, e o sepultamento foi realizado ontem, 7.
Marcuschi foi secretário regional da SBPC em Pernambuco, de 1988 a 1990, membro do Conselho da SBPC de 1991 a 1995 e, posteriormente, foi parte da Diretoria da Sociedade por dois mandatos – de 1997 a 1999 e de 1999 a 2001. Participou da organização de várias Reuniões Anuais da SBPC e em 2013 foi o homenageado da 65ª Reunião Anual, realizada em Recife.
Para o diretor da SBPC, José Antonio Aleixo da Silva, Marcuschi deixa um legado de contribuição ao nosso Estado. “O Brasil, e principalmente Pernambuco, perderam um cientista guerreiro em defesa da ciência, tecnologia e direitos humanos”, diz.
Aleixo, que é também professor titular da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), destaca o empenho do linguista para levar professores da rede municipal do Recife para participar da Reunião Anual de 2001, em Salvador.
“Lembro-me que no ano 2000, logo após a reunião da SBPC em Brasília ele me procurou, pois eu era Secretário Regional da SBPC, questionando por que os professores da rede municipal do Recife não participavam da SBPC. Marcamos um encontro com o prefeito da época e ele, com seu jeito calmo e incisivo, convenceu o prefeito a enviar para a Reunião da SBPC de 2001, em Salvador, quase 3000 professores da rede municipal. Foi algo sensacional, e aqueles professores que participaram daquela reunião serão eternamente gratos a Marcuschi. Marcuschi não tinha limites. Vai em paz companheiro, mas continuarás vivo em nossa memória”, comenta.
Biografia
O professor lecionou na UFPE desde 1976, no Departamento de Letras, logo que concluiu seu doutorado em Filosofia da Linguagem pela Universität Erlangen-Nurnberg (Friedrich-Alexander). Em 1992, tornou-se professor titular em Linguística, e lecionou até 2006, quando se aposentou. Anos mais tarde, em 2010, o Conselho Universitário da UFPE concedeu a ele o título de professor emérito.
Em 2014, seu trabalho intelectual e humanístico foi homenageado com o Prêmio Darcy Ribeiro de Educação de 2014, premiação votada pela Comissão de Educação e Cultura do Congresso Nacional. A indicação para o prêmio foi feita acatando o pedido de um grupo de ex-alunos e orientandos de Marcuschi, que hoje são professores e pesquisadores de universidades federais por todo o País. O prêmio Darcy Ribeiro de Educação é conferido a pessoas ou entidades cujos trabalhos ou ações mereçam especial destaque na defesa e na promoção da educação, especialmente as iniciativas relacionadas à educação popular.
Segundo informações da UFPE, durante os anos de atuação na universidade, ele criou o Núcleo de Estudos Linguísticos da Fala e Escrita (Nelfe) e orientou diversos trabalhos, sendo 50 dissertações de mestrado e 15 teses de doutorado. Foi pesquisador IA do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, tendo sido, por várias vezes, representante de área tanto no CNPq quanto na Capes.
Marcuschi participou ativamente da fundação da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Letras e Linguística (Anpoll), onde atuou como presidente de 1988 a 1990.
No currículo de Marcuschi, há várias publicações, muitas delas explorando temas pioneiros na área da linguística. Publicou 27 trabalhos em anais de congresso, 48 capítulos de livros, 47 artigos científicos e organizou diversos livros. É autor dos livros “Análise da conversação”; “Da fala para a escrita: atividades de retextualização”; “Fenômenos da linguagem: reflexões semânticas e discursivas; Cognição, linguagem e práticas interacionais”; “Linguística de texto: o que é e como se faz; Produção textual, análise de gêneros e compreensão”; “A repetição na língua falada: formas e funções; Linguagem e classes sociais”.
Jornal da Ciência, com informações da UFPE