O Brasil exibe hoje números de uma enorme tragédia humanitária:
- 100 mil brasileiros mortos;
- Entre as pessoas que perderam a vida, cerca de 200 são mulheres grávidas e puérperas, constituindo um recorde mundial de mortes nessa faixa da população;
- Cerca de 3 milhões de infectados pelo novo coronavírus registrados;
- Um número muito grande de pessoas com sequelas diversas decorrentes da covid-19;
- Dois meses sem responsável titular nomeado no Ministério da Saúde;
- Cinco meses sem um Plano de Emergência Nacional para o enfrentamento da pandemia.
O quadro acima é estarrecedor e traduz o descaso e o desprezo pela vida dos brasileiros por parte das autoridades máximas do país, particularmente do governo federal, que não levam em conta as orientações científicas e das organizações de saúde. A grande maioria dos brasileiros infectados e mortos encontra-se entre os segmentos mais pobres, que sempre tiveram acesso muito precário à saúde, à educação, ao saneamento básico e à moradia digna. E o Brasil continua a repetir, no cenário da pandemia, as políticas públicas que cavam o fosso da desigualdade e da injustiça no país.
Nossas entidades manifestam o seu mais profundo pesar pelas vidas perdidas, muitas das quais evitáveis e que resultaram da inação e da irresponsabilidade para o enfrentamento da pandemia. Sentimo-nos entristecidos pelo sofrimento incalculável dos milhões de brasileiros infectados pela covid-19 e de seus familiares. Os números trágicos acima colocados não são fruto do acaso ou de um destino inexorável; ao contrário, são frutos das escolhas insensíveis e das decisões negligentes dos governantes.
Prestamos nossa solidariedade aos profissionais da saúde e aos trabalhadores de serviços essenciais que, frequentemente em condições precárias e de risco, estão na linha de frente do enfrentamento da pandemia.
Alertamos ao povo brasileiro que, tendo em vista a ausência de um plano nacional de enfrentamento desta pandemia, a sociedade brasileira sofrerá o agravamento da crise sanitária, social e econômica que hoje está posta, principalmente pelo fato de que a pandemia está se interiorizando e atingindo populações ainda mais vulneráveis. É fundamental que a sociedade brasileira se una em defesa da vida, recusando-se a normalizar um flagelo que é evitável, buscando exercitar a solidariedade, sendo esta um dos pilares da construção de uma nação.
Frente pela Vida
Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco)
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
Conselho Nacional de Saúde (CNS)
Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes)
Associação Brasileira de Imprensa (ABI), o Centro Brasileiro de Estudos da Saúde (Cebes)
Sociedade Brasileira de Bioética (SBB)
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC)
Rede Unida.