Natural de Guarajá-Mirim (RO), o professor emérito da Unb foi também conselheiro da SBPC -de 2009 a 2013
A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) lamenta o falecimento de Lauro Morhy neste domingo (17). Professor emérito, ex-reitor da Universidade de Brasília (UnB) e conselheiro da SBPC, entre 2009 e 2013, Morhy era natural de Guarajá-Mirim (RO). Em 1965, graduou-se em Química Industrial / Engenharia Química pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Em 1976, tornou-se mestre em Ciências Biológicas (Biologia Molecular) pela Universidade de Brasília (UnB). É também doutor em Ciências Biológicas (Biologia Molecular) pela Universidade Federal de São Paulo (USP), desde 1985.
O professor Lauro Morhy era pioneiro na aplicação da espectrometria de massas a proteínas e proteomas no Brasil. Doutor em Ciências Biológicas pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp), ele determinou na UnB, em 1985, pela primeira vez no País, a estrutura primária completa de uma proteína, o inibidor de tripsina e quimotripsina pancreática do feijão de corda Vigna unguiculata (L) Walp. Esse feito inédito marcou a Bioquímica e Química de Proteínas brasileiras e projetou o professor no cenário científico nacional, que lhe abriu as portas para a implantação, em 1987, do projeto denominado Centro Brasileiro de Sequenciamento de Proteínas (CBSP).
Morhy foi reitor da UnB em dois mandatos, entre de 1997 e 2005; e foi responsável pela implantação inicial da Universidade Federal do Tocantins. Também foi vice-presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), de março-2006 a junho/2007.
Pesquisador científico, atuava na área de Química de Proteínas, com extensões em bioquímica, química fina, biologia molecular e biotecnologia molecular; em educação superior e política de ciência. Compõe grupo de pesquisas em proteínas em laboratório (que fundou) na Universidade de Brasília, hoje importante Centro de Proteomas, com programas de Mestrado, doutorado e pós-doutorado. Fundou o Laboratório de Estudos do Futuro da UnB.
Publicou dezenas de trabalhos especializados na área de proteínas e mais de 100 comunicações científicas, em periódicos especializados nacionais e internacionais, além de monografias, livros, capítulos de livros, artigos, e obras diversas. Realizou a determinação da primeira estrutura sequencial completa de uma proteína no Brasil (inibidor proteico de tripsina e quimotripsina do feijão Vigna unguiculata, muito usado na alimentação popular, principalmente no nordeste brasileiro).
Por vários anos também dirigiu os trabalhos de seleção de alunos para a UnB e fundou a DAE (Diretoria de Acesso ao Ensino Superior), órgão transformado no atual Cespe (Centro de Seleção e Promoção de Eventos), que realiza a seleção de alunos para a Universidade e profissionais diversos para outras instituições (públicas e privadas). Trata-se, de fato, de um grande êxito da UnB, com amplo reconhecimento local e nacional.
Ao longo de sua vida acadêmica na UnB, de mais de 35 anos, lecionou várias disciplinas nas áreas de química e biologia, foi membro do Conselho Universitário e de vários outros Conselhos importantes dessa instituição; cumpriu numerosas missões de interesse educacional, incluindo bancas de teses, bancas de concursos públicos e prestou consultorias científicas diversas a órgãos públicos (como o CNPq, a Finep, a FBB e outras), a empresas e fundações públicas.
Ele recebeu diversas homenagens, dentre elas: Professor Emérito da UnB; Cidadão Honorário de Brasília; Ordem do Mérito de Brasília; Medalha Mérito Alvorada; Diploma e Medalha do Mérito de Pioneiro (de Brasília); Cidadão Maranhense; Ordem do Mérito do Tocantins; Honra ao Mérito (Estado de Rondônia); Medalha do Pacificador; Ordem do Mérito Judiciário do Distrito Federal e Territórios- Grau de Grã-Cruz; Ordem do Mérito Aeronáutico; Comenda Honorífica Universitária (UNIR, G.Mirim), Patrono e Paraninfo de várias turmas.
O velório do professor Lauro Morhy será amanhã, dia 19/07, das 10h às 12h, na capela 10 do Cemitério Campo da Esperança, no Distrito Federal. Logo depois, o cortejo segue para Valparaiso, onde o corpo será cremado.
Jornal da Ciência