Falar da Semana de 22 é falar de Mário de Andrade. Mas falar de Mário de Andrade não é apenas falar de um poeta (e contista, cronista, romancista, musicólogo, historiador de arte e crítico, além de fotógrafo). É também falar de uma personalidade pública que lutou pela preservação do patrimônio histórico e artístico nacional brasileiro.
Além de figura central do movimento modernista no Brasil, Mário de Andrade participou ativamente na política cultural brasileira. Entre os anos de 1934 e 1937, esteve à frente do Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo, fundando a Discoteca Pública, além de promover o I Congresso de Língua Nacional Cantada. Em 1937, fundou a Sociedade de Etnografia e Folclore de São Paulo. No ano seguinte, mudou-se para o Rio de Janeiro e tornou-se diretor do Instituto de Artes do Distrito Federal. De volta a São Paulo, trabalhou no Serviço do Patrimônio Histórico.
Para Helena Bomeny, professora titular do Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e autora, entre outros, do livro “Um poeta na política. Mário de Andrade. Paixão e compromisso” (Casa da Palavra, 2019), o capítulo de seu envolvimento na organização do Departamento Municipal de Cultura talvez seja o que melhor traduza o ímpeto do modernista na realização de um grande projeto público em favor da cultura. “As aventuras no Departamento ficaram conhecidas: criou os parques infantis e a Biblioteca Municipal, enviou ao Nordeste a primeira missão de pesquisa folclórica, contratou o casal Lévi-Strauss para ministrar curso de Etnologia em São Paulo, criou a Sociedade de Etnografia e Folclore de São Paulo, tornando-se seu primeiro presidente e finalmente, em 1937, a pedido do ministro Gustavo Capanema, projetou a criação do Serviço do Patrimônio Artístico Nacional (SPAN), depois SPHAN, adiante IPHAN”, conta em artigo para a revista Ciência & Cultura.
Segundo a pesquisadora, a trajetória do poeta Mário de Andrade na política brasileira é uma história marcada por sonhos e desilusões, mas também um símbolo dos ideais e realizações da geração modernista. “Pensar para o Brasil seria pensar com conhecimento da diversidade cultural pelas expressões locais, compor o acervo da cultura e do patrimônio histórico brasileiro que demandava registro, classificação e tratamento”, afirma Bomeny.
Leia o artigo completo aqui:
https://revistacienciaecultura.org.br/?artigos=o-amor-ao-todo-digitais-marioandradianas
Ciência & Cultura