O corte no orçamento da ciência, anunciado na semana passada pelo Congresso Nacional e feito a pedido do Ministério da Economia, foi mais um duro golpe para os pesquisadores, que observam reduções progressivas nas verbas para o setor nos últimos anos. Dessa vez, o bloqueio corresponde a 92% dos recursos para o financiamento de estudos, que serão remanejados para outros seis ministérios diferentes, deixando apenas R$ 82,5 milhões para a produção de medicamentos radiológicos, uma despesa que também ficou represada e quase gerou um colapso nesse serviço. Um dos apoiadores mais entusiasmados do presidente, o ministro Marcos Pontes reagiu ao anúncio, chamando a medida de “falta de consideração” em uma publicação no Twitter. Pontes também afirmou que o corte era “equivocado e ilógico”, e disse que obteve o compromisso de recomposição dos recursos. Mas, por ora, essa garantia não existe.
Do total de R$ 565 milhões retirados do orçamento para pesquisas, R$ 250 milhões dizem respeito ao chamado edital universal, que abrange as mais diferentes áreas do conhecimento. Apenas para acessar uma fração desses recursos, a fundo perdido, o CNPq recebeu 30 mil pedidos de bolsas, atualmente sob análise, e que, nesse momento, por conta dos cortes, não têm nenhuma garantia de serem oferecidas. Mas a decisão do governo também impacta pesquisas em curso, por meio de outros programas oficiais. No Ao Ponto desta quinta-feira, o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Renato Janine Ribeiro, detalha o prejuízo que essa decisão traz para as pesquisas com a participação de brasileiros e conta como a comunidade científica se mobiliza para reverter o bloequio. Ele também analisa a crise gerada pela redução progressiva das verbas para o setor nos últimos anos.
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