O relógio do clima está acelerando, e o mais recente relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU alerta que o mundo tem apenas até 2030 para reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 43%. O objetivo é evitar consequências irreversíveis decorrentes do aumento de 1,5 grau Celsius no aquecimento global, conforme estabelecido pelo Acordo de Paris em 2015. No entanto, preocupantemente, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) prevê que esse limite será alcançado nos próximos cinco anos. Isso é o que discute reportagem da nova edição da revista Ciência & Cultura, que tem como tema “Biomas do Brasil”.
O principal vilão por trás desse cenário alarmante é a queima de combustíveis fósseis, responsável por 80% das emissões de dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O). O restante está ligado ao desmatamento, especialmente em regiões como a Amazônia. “Estamos cada vez mais impactados. Devemos considerar que a emergência climática é um problema de ordem complexa e planetária, que evoca ações imediatas para o seu enfrentamento. Conviveremos com essas consequências por muito tempo e o termo ‘emergência climática’ vem para dar o verdadeiro sentido de urgência, já que não estamos mais falando do futuro, e sim do agora”, enfatiza Adriana Kataoka, professora do Departamento de Ciências Biológicas e coordenadora do Comitê Gestor de Educação Ambiental da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro).
Para José Eduardo Viglio, professor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) e do Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais (Nepam) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), as mudanças climáticas já impactam globalmente. “As recorrentes mudanças climáticas causadas, sobretudo, pelo uso de combustíveis fósseis nos últimos séculos têm efeitos globais, embora afetem localidades e regiões de modo particular”. No Brasil, as dimensões continentais tornam o país particularmente vulnerável, com aumento de temperaturas resultando em eventos climáticos extremos, incêndios florestais e perda de biodiversidade. A crise hídrica de 2021 evidenciou a dependência do Brasil de hidrelétricas, com consequências devastadoras quando os reservatórios atingem níveis críticos. Recentemente, o Amazonas enfrentou uma crise ambiental com ondas de fumaça provenientes de mais de 15 mil focos de incêndio em três meses.
No entanto, nem tudo são más notícias. O Brasil destaca-se globalmente no uso de energias renováveis, com 48% de sua energia proveniente dessas fontes, superando a média global de 18%. O crescimento expressivo da energia solar e eólica, aliado ao papel significativo da biomassa, indica um potencial promissor para a transição energética. Apesar disso, os desafios persistem, e a transição requer uma abordagem multifacetada, envolvendo planejamento, investimento e cooperação entre governos, indústria e sociedade. “É necessária uma mudança profunda que vai além de uma mudança de comportamento, mas perpassa o modelo de desenvolvimento econômico, envolvendo mudanças políticas e culturais”, destaca Adriana Kataoka.
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Ciência & Cultura