A complexidade dos sistemas naturais da Terra exige abordagens inovadoras e colaborativas para enfrentar as crises ambientais. No Brasil, grupos científicos produzem conhecimento essencial sobre as mudanças ambientais globais, mas ainda há desafios para consolidar uma atuação verdadeiramente interdisciplinar. A integração de diferentes áreas do saber com uma visão holística é crucial para compreender os impactos ambientais em múltiplas escalas e propor soluções eficazes. Isso é o que discute artigo da nova edição da Ciência & Cultura, que tem como tema Ciência Aberta.
A trajetória acadêmica de muitos pesquisadores reflete esse desafio. A formação em Matemática Aplicada, por exemplo, pode parecer distante das ciências ambientais, mas sua capacidade analítica permite enxergar padrões em fenômenos complexos, promovendo novas formas de investigação. Para avançar na ciência, é essencial desapegar-se de conceitos rígidos sobre áreas do conhecimento e explorar conexões inesperadas. Essa flexibilidade intelectual é uma das forças motrizes para a construção de um ambiente científico mais colaborativo e inovador.
O movimento da Ciência Aberta surge como um dos principais pilares dessa transformação. Ele propõe transparência, colaboração e livre acesso ao conhecimento, permitindo que metodologias, dados e resultados sejam compartilhados de maneira ampla. Exemplos de sucesso desse modelo incluem a disponibilização de dados do satélite Landsat, as informações astronômicas do Sloan Digital Sky Survey (SDSS) e a descoberta do Bóson de Higgs no CERN. Esses avanços só foram possíveis graças à cooperação internacional e ao acesso livre a informações científicas. “Quão mais velozes seríamos em informar cientificamente sobre degradação ambiental e perda de biodiversidade em diferentes ecossistemas brasileiros, de uma forma que estas informações sirvam de apoio para interessados na sociedade civil e nos governos?”, questiona Marina Hirota, professora do Departamento de Física e do Programa de Pós-Graduação em Ecologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
No Brasil, um desafio específico é a preservação de dados ambientais coletados ao longo de décadas. Muitas informações se perdem devido à falta de infraestrutura adequada ou ao desconhecimento sobre os benefícios da Ciência Aberta. A catalogação e a publicação de metadados em repositórios públicos podem garantir que esses dados sejam acessíveis a outros pesquisadores, acelerando descobertas e fomentando colaborações. Para isso, é necessário investimento em plataformas digitais robustas e políticas institucionais que incentivem a transparência na pesquisa.
Apesar das barreiras, a transdisciplinaridade e a acessibilidade são elementos fundamentais para impulsionar as ciências ambientais no Brasil. A construção de espaços que valorizem cientistas com perfis híbridos – capazes de transitar entre diferentes campos do conhecimento – pode potencializar soluções inovadoras para os desafios do século XXI. “A transdisciplinaridade e a acessibilidade da ciência de forma efetiva apresentam elementos bastante relevantes para promover avanços significativos nas ciências ambientais”, pontua Marina Hirota.
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