O primeiro Estado brasileiro a instituir o dia de hoje como Dia do Professor foi Santa Catarina – e o dado importante é que o projeto de lei foi apresentado pela deputada estadual Antonieta de Barros , professora e, além disso, a primeira mulher negra a conquistar um mandato eletivo no Brasil. Ela considerava, por sinal, que a educação era a melhor forma de libertar os mais pobres da servidão – assunto de que entendia, porque descendia de escravizados.
É significativo esse vínculo entre o poder e papel da educação, o direito das mulheres a votarem e serem votadas (o que acabava de ser conquistado, quando Antonieta de Barros se elegeu, em 1933) e, ainda, a superação da escravatura. Também merece nota que ainda hoje, quando faz 73 anos da lei catarinense que criou o Dia do Professor, em 1948, e quase dois séculos da Lei de 15 de outubro de 1827 que foi a primeira peça legal brasileira a regulamentar as escolas, as três causas estejam inconclusas. Nossa educação, apesar dos avanços que teve após a Constituição de 1988, enfrenta dificuldades grandes, devido em especial à perda de prioridade que sofreu nos últimos anos. A igualdade de gênero progrediu, mas ainda resta muito a fazer. E, finalmente, os negros ainda têm salários menores do que a média nacional e são as principais vítimas da violência policial. Ainda temos grandes desafios pela frente.
Dizem muitos que professor é a profissão que ensina as outras profissões. É verdade. Por isso mesmo, a SBPC e as entidades ligadas à educação e à ciência celebramos nesta data a profissão de muitos dentre nós, associados da SBPC e das sociedades afiliadas, e fazemos deste dia uma jornada de luta pela ciência e pelo conhecimento rigoroso, que é nosso papel desenvolver e compartilhar, como instrumento decisivo para a liberdade e a igualdade de direitos. Viva a educação, vivam as professoras e professores, viva a ciência!
Renato Ribeiro Janine, presidente da SBPC
Jornal da Ciência