O modernismo foi uma grande ruptura com o estilo de pensamento e de escrita predominantes. Munidos de uma informação intelectual atualizada, de conceitos e métodos das Ciências Sociais e da História, os intelectuais modernistas, desde a Semana em 1922 e pelas décadas seguintes, trouxeram uma nova lente para interpretar a realidade brasileira, pondo em questão os valores éticos e estéticos vigentes. É nessa configuração de ideias que nascem os ensaios de interpretação do Brasil. Esse é o tema do artigo especial da segunda edição da revista Ciência & Cultura: A semana de Arte Moderna e o Século Modernista — Extensões.
Produto do modernismo e referência fundadora das Ciências Sociais e da vida intelectual em geral, os ensaios científicos-interpretativos de Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda e Caio Prado Jr. surgem em paralelo ao surto de ficção romanesca da década de 1930. Suas interpretações tiveram consequências marcantes não só sobre o pensamento brasileiro, mas também provocaram alterações profundas, evidenciando o poder das ideias de agir na sociedade. Essas obras são consideradas um divisor de águas, mudando a percepção que o brasileiro tem de si mesmo ao reverter valores: ser um país mestiço e tropical, características antes consideradas “negativas”, quando vistas a partir da noção modernista de cultura brasileira tornam-se positivas, motivos de orgulho e de riqueza.
Obras como “Casa Grande e Senzala”, de Gilberto Freyre, “Raízes do Brasil”, de Sérgio Buarque de Holanda, e “Evolução Política do Brasil” e “Formação do Brasil Contemporâneo”, ambas de Caio Prado Jr., tratam de algumas das consequências da colonização: o patriarcalismo, o patrimonialismo e o latifúndio, a antiga questão da terra. “Ao assumirem nova posição, agora crítica e não mais subserviente, aqueles intelectuais produzem um deslocamento significativo que lhes permite enxergar novas realidades, comprometidos que estavam em descobrir e revelar o Brasil aos brasileiros”, escrevem Angélica Madeira e Mariza Velozo, professoras do Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília (UnB) e do Curso de Preparação à Carreira Diplomática no Instituto Rio Branco, em artigo especial para a revista.
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