O papel das bibliotecas no mundo da ciência aberta

Instituições equilibram modelos tradicionais e inovadores para ampliar o acesso ao conhecimento e fortalecer a cidadania. Confira em artigo da nova edição da Ciência & Cultura

WhatsApp Image 2025-02-13 at 10.17.45As bibliotecas têm um papel fundamental na promoção da Ciência Aberta, movimento que busca democratizar o acesso ao conhecimento científico. Com as transformações trazidas pela tecnologia da informação, a comunicação científica, antes dominada por uma indústria editorial robusta e centralizada, passou a contar com alternativas como repositórios de preprints, dados e recursos educacionais. Essas mudanças abriram espaço para projetos editoriais de países emergentes, que ganharam força com a popularização de técnicas eletrônicas de editoração e publicação em acesso aberto. Isso é o que discute artigo da nova edição da Ciência & Cultura, que tem como tema “Ciência Aberta”.

As bibliotecas, nesse contexto, podem seguir duas rotas: a conservadora, que mantém os modelos tradicionais de negócio das editoras, e a revolucionária, que prioriza iniciativas colaborativas e descentralizadas, ampliando o impacto da ciência para além das citações acadêmicas, incluindo comunidades locais, acadêmicos marginalizados e povos indígenas. “A ciência aberta propõe uma revolução na forma de fazer ciência, e as bibliotecas têm contribuído enormemente para a promoção desta revolução”, explica Letícia Strehl, Diretora da Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

A história da comunicação científica é marcada pelo protagonismo de academias e sociedades científicas, que, ao longo do tempo, deram lugar a uma indústria editorial lucrativa e influente. No período analógico, a editoração e distribuição de publicações exigiam infraestrutura cara, o que consolidou o setor comercial. Apesar de financiado majoritariamente com recursos públicos, o modelo manteve altos custos de assinaturas, mesmo com a redução de despesas proporcionada pelas tecnologias digitais. Além do capital científico e econômico, a indústria editorial construiu capital simbólico, definindo padrões de excelência e validando pesquisas por meio de publicações em periódicos renomados. Esse sistema, no entanto, começou a ser questionado com o surgimento da Ciência Aberta, que propõe um modelo mais inclusivo e acessível.

No Brasil, algumas bibliotecas têm desempenhado um papel crucial no desenvolvimento da Ciência Aberta, promovendo o acesso aberto por meio de repositórios institucionais. No entanto, a centralização da produção de metadados nas bibliotecas, muitas vezes restringindo o autoarquivamento pelos pesquisadores, pode limitar o potencial do movimento. A essência da Ciência Aberta está na descentralização e na colaboração, e a atuação das bibliotecas deve refletir esses princípios. Profissionais como os “bibliotecários de dados” são essenciais para facilitar a descoberta, o acesso, a interoperabilidade e a reutilização do conhecimento, integrando pesquisadores e comunidades em um ecossistema científico mais aberto e democrático. “As bibliotecas são instituições milenares comprometidas com o acesso público ao conhecimento como recurso de avanço tecnológico, mas, sobretudo, com a promoção da cidadania”, afirma Letícia Strehl.

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