Ocupação urbana e transformação da natureza

A ocupação urbana revela tanto os impactos da modernização quanto os caminhos possíveis para uma reconciliação entre cidade e ambiente. Assista no vídeo especial da nova edição da Ciência & Cultura

whatsapp-image-2025-10-02-at-08-59-58Ao longo da história, o avanço das cidades foi marcado pela transformação profunda dos territórios: rios foram enterrados, manguezais soterrados e áreas alagáveis ocupadas em nome do “progresso”. O asfalto encobriu a memória da natureza e consolidou um modelo de urbanização que insiste em apagar sua própria base de existência. O tema é debatido por especialistas no vídeo da nova edição da Ciência & Cultura, que tem como tema “Cidades e Meio Ambiente”

“Quando a gente fala em degradar ambiente, nós estamos falando em degradar as pessoas também, porque elas não estão separadas”, explica Valéria Cristina Pereira Silva, professora do instituo de Estudos Socioambientais da Universidade Federal de Goiás (UFG). Essa ocupação sem planejamento alterou radicalmente o perfil ecológico urbano, gerando enchentes recorrentes, poluição, ilhas de calor e a perda da biodiversidade local — sintomas que também amplificam os efeitos da crise climática.

O processo de urbanização impõe pressões múltiplas: o desmatamento compromete habitats naturais, a impermeabilização do solo intensifica o escoamento das águas e a poluição do ar e dos rios deteriora ecossistemas e a qualidade de vida. Além disso, a concentração de concreto e asfalto eleva as temperaturas nas cidades, configurando as chamadas “ilhas de calor urbanas”. “Enquanto a gente estiver achando que a natureza é outra coisa, não somos nós, a gente vai continuar mal nessa história”, alerta Rita de Cássia Martins Montezuma, professora Associada do Departamento de Geografia da Universidade Federal Fluminense (UFF) e do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura Paisagística (MPAP) no PROURB da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Diante desse cenário, resgatar a memória ambiental dos territórios torna-se fundamental para repensar o futuro urbano. A ciência tem papel decisivo em recontar as histórias ocultas sob o concreto e em inspirar novos caminhos. Soluções baseadas na natureza — como telhados verdes, parques alagáveis e corredores ecológicos — representam alternativas sustentáveis que não apenas mitigam os impactos da urbanização, mas também convidam a reconciliar a cidade com o ambiente. Mais do que obras de engenharia, são projetos de reaproximação, que valorizam ciência, educação e cultura como instrumentos para reimaginar cidades mais resilientes e humanas. “Uma solução baseada na natureza, se ela não inclui a sociedade, se ela não inclui as pessoas que nela vivem. É muito provável que essa solução não dê certo”, pontua Luis Renato Bezerra Pequeno, professor do Instituto de Arquitetura, Urbanismo e Design da Universidade Federal do Ceará (UFC) e do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo + Design.

Assista ao vídeo completo:

https://youtu.be/2E95tdyFfYI

Ciência &Cultura