Há 45 anos a sociedade debate quais estratégias adotar para proteger o meio ambiente e garantir o desenvolvimento no planeta. Foi dessa jornada de quase meio século que nasceram os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), tema explorado nessa terça-feira, 18, em mais um ciclo de apresentações da 69ª Reunião Anual da SBPC.
Quem contou a história dos ODS e os desafios para que o Brasil atinja os objetivos foi o secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Jailson Bittencourt de Andrade.
Andrade é o responsável pelo tema dentro do MCTIC, missão que abraçou com entusiasmo. “Essa é a agenda da humanidade. Essa é a agenda do planeta e deve estar cumprida até 2030”. O secretário avalia que o país ainda precisa reforçar sua infraestrutura para avançar nos ODS, mas mostrou-se otimista sobre o potencial brasileiro. “O Brasil tem uma infraestrutura de pesquisa que é pequena para as necessidades, mas altamente competente”, afirmou.
Ainda assim, dois setores são fundamentais para preencher as lacunas brasileiras: educação e CT&I. “Se pensarmos em uma planta, a educação é a raiz e o caule é a pesquisa básica”, comparou Jailson Andrade.
Dimensões, objetivos e 169 metas
Os ODS foram selecionados levando em consideração três dimensões básicas: social, econômica e científica-tecnológica. A partir deste ponto, fixou-se os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, sendo que “nenhum deles pode ser tratado separadamente”, lembrou Andrade. “É um carrossel extremamente animador”.
Dentro desse carrossel de combinações de objetivos, surgem 169 metas concretas a serem buscadas pelos países. Mais do que uma agenda de desenvolvimento, a jornada para atingir os ODS tem grande potencial revolucionário para muitas Nações, uma vez que toca em aspectos estruturais das comunidades como educação, segurança alimentar e saneamento.
Como não podia deixar de ser, a ciência e a tecnologia tem um papel fundamental para o sucesso dos ODS. “CT&I é a ponte segura para o desenvolvimento do planeta”, avalia o secretário. Para ele, a quarta revolução industrial pela qual passamos nos dias atuais – focada na conectividade e na internet das coisas – revelou de maneira muito intensa os anseios da sociedade e a distância que estamos de suprir esses desejos.
Nesse sentido, não são apenas ações concretar que levarão a sociedade em direção dos ODS na visão de Jailson Andrade. “Enquanto a gente não retomar um modelo que valorize a ética, a honestidade, o mérito e a criatividades, o Brasil não fará parte da solução; continuará sendo parte do problema”, analisou. A presidente da SBPC, Helena Nader, também mostrou preocupação com a falta de zelo da sociedade com o planeta. “Eu fico assustada. O que levou milhões de anos para ser feito, nós estamos, com muita velocidade, deteriorando”, desabafou.
Mariana Mazza – para o Jornal da Ciência