Os primeiros computadores nos laboratórios brasileiros

Artigos publicados na Ciência & Cultura mostram como o computador foi se tornando, a partir dos anos 1950, um equipamento cada vez mais essencial para a pesquisa científica. Confira na nova edição

WhatsApp Image 2024-06-06 at 09.56.51Em 1936, o jovem matemático inglês Alan Turing submeteu um artigo seminal ao periódico Proceedings of the London Mathematical Society, introduziu o conceito de “números computáveis”, oferecendo assim a primeira descrição do que seria o computador moderno. Décadas depois, em 1956, o termo “computador” fez sua primeira aparição na revista Ciência & Cultura no artigo de Philip Bartlett Smith e Iuda Dawid Goldman vel Lejbman, mencionando o “computador eletrônico” em um contexto teórico, pois essas máquinas ainda não haviam chegado às universidades brasileiras. Dois anos mais tarde, em 1958, Nicolau Januzzi e Sérgio Pereira da Silva Porto, do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), descreveram cálculos feitos no Univac 120, um dos primeiros computadores eletrônicos comerciais dos Estados Unidos.

Assim o computador fez sua estreia nas páginas da revista. A partir de então, foi se tornando cada vez mais presenta — não apenas na revista, mas também na pesquisa científica brasileira. Isso é o que mostra reportagem da nova edição da Ciência & Cultura, que comemora os 75 anos da revista.

No Brasil, a primeira menção prática ao uso de um computador ocorreu em 1959, com a chegada do IBM 650, seguido pelo IBM 1620. Essas máquinas, baseadas em tubos de vácuo, executavam operações a partir de cartões perfurados: a depuração de programas exigia identificação manual de erros, e grandes volumes de dados poderiam levar horas ou dias para serem processados. Em 1964, Yvonne Mascarenhas utilizou o IBM 1620 da USP para cálculos em um estudo sobre estrutura cristalina. Em 1965, a publicação de um programa em Fortran por Ivan Jelinek Kantor no mesmo computador facilitou estudos genéticos. Outros artigos na Ciência & Cultura destacaram o uso de computadores em diversas áreas científicas, incluindo simulações genéticas.

O IBM 1620 tornou-se um símbolo na USP, impulsionado por professores como José Otávio Monteiro de Camargo e Oscar Sala. Em 1967, a criação do Centro de Processamento de Dados na Escola de Engenharia de São Carlos marcou outro avanço significativo, visando realizar trabalhos para entidades públicas e privadas e ministrar cursos sobre programação e processamento de dados. Em 1968, a inauguração do Computador Científico da USP, doado pelo Conselho Nacional de Pesquisas e pela Fapesp, foi amplamente noticiada, destacando suas 128 mil posições de memória dedicadas a cálculos científicos.

Nos anos 1970, o uso de computadores se expandiu em diversas áreas do conhecimento. Warwick Kerr, então presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), destacou a revolução trazida pela computação nas técnicas industriais e educacionais. Em 1971, Joel Martins, da PUC-SP, incluiu a computação em pesquisas educacionais, e em 1973, Jayme Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti discutiu a importância e as limitações dos computadores nos laboratórios brasileiros. A edição de dezembro de 1973 da Ciência & Cultura trouxe um projeto de currículo de Ciência da Computação, propondo uma base para novos cursos na área. Hoje, as discussões estão bem mais avançadas, girando em torno de exploração espacial, realidade virtual e inteligência artificial — e ainda fazem parte das páginas da revista.

Confira a reportagem completa em:

https://revistacienciaecultura.org.br/?p=6077

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