Painel marca o lançamento da 76ª Reunião Anual da SBPC na Universidade Federal do Pará

“Ciência para um futuro sustentável e inclusivo: por um novo contrato social com a natureza” será o tema da próxima edição do encontro, que acontece de 7 a 13 de julho 2024 em Belém. Em evento realizado nessa quarta-feira, 23 de agosto, com participação de diretores da SBPC, especialistas discutiram sustentabilidade, conservação, conflitos e direitos humanos na região Amazônica
23.08.2023 Reunião SBPC - Foto Alexandre de Moraes (193)
Foto: Alexandre de Moraes – Ascom UFPA

A 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) já tem data e temas definidos. O evento ocorrerá entre os dias 07 e 13 de julho de 2024 e terá como tema “Ciência para um futuro sustentável e inclusivo: por um novo contrato social com a natureza”.  Os anúncios foram feitos em painel realizado nessa quarta-feira, 23 de agosto, na Universidade Federal do Pará (UFPA), anfitriã da próxima edição da reunião.

“Para a SBPC, é uma grande alegria poder voltar à UFPA, que é nosso porto e também referência em ciência, tecnologia e inovação na Amazônia. Nossa expectativa é poder discutir os problemas locais, assim como políticas de educação, ciência, tecnologia e inovação que são de interesse da região, mas não estão desconectados do restante do país e do mundo. A ideia é termos como legado realmente um novo contrato com a natureza e a escolha não poderia ser mais oportuna”, destacou Cláudia Linhares Sales, secretária-geral da SBPC.

O maior evento científico da América Latina antecederá a realização, em Belém, da 30a Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), que trará à capital paraense, em 2025, chefes de Estados e de governos, pesquisadores e ambientalistas de todo o mundo para discutir medidas de enfrentamento às mudanças climáticas.

Para o presidente da SBPC, Renato Janine Ribeiro, será um bom momento para antecipar e preparar para as discussões globais que Belém receberá por ocasião da COP-30. “Como nosso tema será Ciência para um Futuro Sustentável e Inclusivo, pensamos em deflagrar nessa reunião a discussão de um novo paradigma entre o homem e a natureza. A Reunião da SBPC não tem temática exclusiva na agenda ambiental, mas sem dúvida esse será um eixo importante durante as discussões que deverá conciliar o respeito ao meio ambiente e aos povos tradicionais”, considerou.

Segundo o reitor da UFPA, Emmanuel Zagury Tourinho, sendo a Amazônia tema de interesse nos principais debates globais, é oportuno que cientistas e comunidades que vivem e conhecem a região em profundidade sejam protagonistas nos diálogos: “Pensamos que esta reunião da SBPC será um momento de preparação da comunidade científica para intervenção nos debates que acontecerão durante a COP, e será especialmente importante que aconteça aqui, porque tornará mais provável que aqueles que produzem ciência nas Amazônias participem ativamente desse debate e contribuam para essas construções da ciência nacional que deverão ser trazidas à debate por ocasião da COP.”

A escolha da UFPA para sediar a SBPC 2024 ocorreu em reunião do Conselho da Sociedade Científica, com aprovação unânime dos seus membros. A instituição já recebeu o evento em outras duas ocasiões, a última delas há 16 anos, quando as atividades estiveram concentradas no Hangar Centro de Convenções da Amazônia. Em 2024, as atividades serão concentradas no Campus sede da UFPA, em Belém, às margens do Rio Guamá.

Lançamento

O painel “Ciência para um futuro sustentável e inclusivo”, realizado no Centro de Eventos Benedito Nunes, foi a primeira das programações preparatórias e marcou o lançamento oficial da 76ª Reunião da SBPC. 

“Desde a definição da UFPA como sede da próxima reunião da SBPC, a comunidade universitária se mobiliza para participar em todas as modalidades de atividades do evento. Nós estamos dando início à programação que vai se estender por todo esse período que antecede a realização da  Reunião com este painel que apresenta um pouco da ciência feita na nossa Universidade”, declarou Emmanuel Tourinho.

O painel foi coordenado pelo reitor da UFPA e contou com o debate do presidente e da secretária-geral da SBPC. Pesquisadores da Universidade apresentaram quatro palestras com temáticas centrais para a Amazônia contemporânea.

O professor Everaldo Barreiros de Souza falou sobre a “Floresta Amazônica e Mudanças Climáticas”, mostrando em imagens como ao longo do tempo as mudanças de uso e ocupação das terras na região impactaram fortemente a cobertura da floresta, gerando consequências, como o aumento da temperatura e da ocorrência de eventos extremos, entre fortes chuvas e enchentes.

A “Exploração de Recursos Naturais e Conservação do Bioma Amazônico” foi o assunto abordado pelo professor Nils Edvin Asp Neto. Ele chamou a atenção para a geodiversidade como um dos aspectos da diversidade amazônica, apresentando regimes climáticos diferentes na extensão do seu território. Lembrou que além da floresta, a Amazônia também é mar e um mar diverso. Destacou a importância do Rio Amazonas, que conecta a floresta e o oceano transportando não apenas água, como sedimentos, matéria orgânica e nutrientes. Também por isso, atividades de exploração de recursos naturais, como a exploração de petróleo na Foz do Amazonas precisam ser cuidadosamente avaliadas e os riscos minimizados, já que muita vida está em jogo.

A professora Edna Castro tratou da “Transformação no Território, Conflitos e Perspectiva Política de Povos Amazônicos”. Defendeu uma abordagem política da ciência no sentido da aplicação dos conhecimentos produzidos e antecipação de problemas para melhor busca de soluções. “Precisamos da ciência que escuta o outro, reconhece a diversidade dos saberes e colabora para a preservação dos conhecimentos tradicionais”, afirmou a pesquisadora.

A última apresentação foi do professor Antônio Gomes Moreira Maués, que abordou o tema “Direitos Humanos na Amazônia”. O pesquisador fez um histórico sobre o debate global dos direitos humanos e falou que os debates mais recentes incorporam as discussões da descolonização e dos movimentos sociais. “Pensar direitos humanos na Amazônia é pensar as condições dos povos da região, tanto no que se refere à pobreza quanto às assimetrias históricas de participação política dos agentes da região nos fóruns de decisão”, contextualizou Maués.

Renato Janine Ribeiro e Cláu dedia Linhares, ao final das palestras, sintetizaram e comentaram os desafios políticos e científicos discutidos pelos pesquisadores e convidaram toda a comunidade da UFPA e científica para participar da reunião anual de 2024.

Edmê Gomes – Ascom UFPA