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Falta de recursos deve atrasar vacina do Butantan contra dengue

A demora na liberação dos recursos anunciados pelo governo federal, no início de deste ano, para o desenvolvimento da vacina do Instituto Butantan contra adengue e o vírus da zika deve atrasar a entrega do produto. A declaração foi feita pelo diretor de desenvolvimento e inovação do Instituto, Paulo Lee Ho, nesta terça-feira, 05, em palestra na 68ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que se realiza nesta semana em Porto Seguro (BA).

Instituto Butantan e Fiocruz discorrem sobre gargalos na
produção de vacinas contra dengue, chikungunya e zika na 68ª Reunião Anual da
SBPC, em Porto Seguro  

A demora na liberação
dos recursos anunciados pelo governo federal, no início de deste ano, para o
desenvolvimento da vacina do Instituto Butantan contra adengue e o vírus da zika
deve atrasar a entrega do produto. A declaração foi feita pelo diretor de
desenvolvimento e inovação do Instituto, Paulo Lee Ho, nesta terça-feira, 05,
em palestra na 68ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da
Ciência (SBPC), que se realiza nesta semana em Porto Seguro (BA).

Na cerimônia, Lee Ho
discorreu sobre o tema “gargalos na produção de vacinas (dengue, chikungunya e
zika”, juntamente com o vice-presidente de Pesquisa e Laboratórios de
Referência (VPPLR) da Fiocruz, Rodrigo Stabeli.  

Segundo Lee Ho, até agora
eles recebram R$ 33 milhões de uma necessidade de R$ 200 milhões para a
pesquisa; e o Butantan tem trabalhado com recursos próprios. Em fevereiro, o
Ministério da Saúde havia fechado acordo com o Instituto para o financiamento
da terceira e última fase da pesquisa clínica para a vacina da dengue.

Na ocasião, o
Ministério anunciou fomento de R$ 100 milhões nos próximos dois anos para o
desenvolvimento do estudo. Outros R$ 8,5 milhões foram anunciados para
financiar o desenvolvimento do soro contra a zika, destinado a grávidas já
infectadas pelo vírus. Ao todo, os valores chegariam a R$ 300 milhões.

Inicialmente, a
previsão dos pesquisadores do Instituto Butantan era de disponibilizar a vacina
para registro em 2018, mas o calendário deve atrasar, na avaliação de Lee Ho.
“Os projetos estão atrasados desde o início, porque começamos sem recursos e
ainda estamos sem recursos. Estamos tirando dinheiro de um lugar para colocar
em outro”, disse. 

Lee Ho disse, porém,
que já foram aprovados os US$ 3 milhões do acordo assinado, em junho, com a
agência americana Autoridade de Desenvolvimento e Pesquisa Biomédica Avançada
(Barda, na sigla em inglês), ligada ao Departamento de Saúde e Serviços Humanos
do governo dos EUA (HHS) – para o desenvolvimento de uma vacina contra o vírus
da zika.

Gargalos no escalonamento da produção

Lee Ho falou sobre o
andamento da vacina contra a dengue e disse que, por enquanto, estão sendo
realizadas algumas experimentações em bancada que demanda recursos mais baixos.
Acrescentou, porém, que serão necessários recursos mais robustos para comprar
sistemas para purificar o vírus em larga escala. “Isso custa muita grana e eu
preciso disso para fazer o trabalho de escalonamento. Como vou montar uma
fábrica sem antes aumentar a amostra para ver se funciona igual ao que fiz na
bancada, e talvez aumentar um pouco mais? Isso fica difícil”, alertou.

O Instituto Butantan
também está participando da concorrência do edital do CNPq para
fomento à pesquisa científica sobre vírus zika
. Sem querer fazer
críticas, Lee Ho disse que a medida não veio como uma resposta rápida ao
enfrentamento da epidemia, já que a liberação dos recursos do edital demanda
tempo, processo que, segundo disse, não deve ser fechado até o fim do ano.

Para ele, é necessário
criar condição para se ter uma resposta rápida ao vírus, já que há
desconhecimento de vários pontos relacionados ao zika, principalmente à
microcefalia. “Essa é uma situação de guerra”, declarou.

A Fiocruz também está
desenvolvendo vacina contra o vírus zika, em estágio não tão avançado.  O vice-presidente de Pesquisa e Laboratórios
de Referência (VPPLR) da Fiocruz, Rodrigo Stabeli, concorda com a falta de
recursos para pesquisa e disse que “há um jogo de xadrez” na instituição, para poder
dar prioridade às questões emergenciais.

Viviane Monteiro/ Jornal da Ciência