O vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Paulo Artaxo, recebeu o Prêmio Dorothy Stang, oferecido pela Câmara Municipal de São Paulo, na categoria Tecnologia, que destaca medidas tecnológicas relacionadas ao meio ambiente.
Criada em 2006, a premiação homenageia a missionária Dorothy Stang (1931-2005), reconhecida internacionalmente pelo trabalho feito em defesa da Floresta Amazônica e de uma reforma agrária justa, sem conflitos latifundiários.
Professor titular do Instituto de Física da USP, Artaxo trabalha com física aplicada a problemas ambientais, atuando principalmente nas questões de mudanças climáticas globais, meio ambiente na Amazônia, física de aerossóis atmosféricos, poluição do ar urbana e outros temas. É membro titular da Academia Brasileira de Ciências, membro do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) e de sete outros painéis científicos internacionais.
Em uma de suas redes sociais, Artaxo lembrou que a missionária foi assassinada em 2005 por defender um ecossistema que é crítico para todos os brasileiros e que até hoje, ambientalistas continuam sendo mortos brutalmente na região. “Ela morreu por nós todos. A Amazônia é chave no enfrentamento das mudanças climáticas tanto para o Brasil quanto para nosso planeta. Infelizmente, muitas Dorothy Stang continuam a ser assassinadas atualmente, por defenderem uma Amazônia preservada, por defenderem o direito assegurado pela Constituição aos povos indígenas.”
Ele acrescentou que a Amazônia atualmente é dominada por crimes ambientais, em atos ilegais de invasões de terras públicas e de terras indígenas. Citou o domínio do garimpo ilegal em amplas áreas da Amazônia, que alimenta um comércio internacional ilícito. “A lei em nosso país tem que voltar a ser respeitada. Temos todos a difícil tarefa de reconstruir a Amazônia e o Brasil a partir de janeiro. Como Dorothy Stang lutou, nós temos de mudar este panorama atual de devastação e ilegalidade. Cabe a cada um de nós brasileiros continuar o legado de Dorothy. Este prêmio não é meu, mas de todos os brasileiros, que como Dorothy, lutam por uma Amazônia preservada, trazendo riquezas a nosso país. Uma Amazônia que possamos nos orgulhar e um país que volte a ser admirado no exterior pelo respeito aos direitos humanos e ao meio ambiente”, ressaltou em depoimento durante a cerimônia na Câmara, da qual participou remotamente, por conta da covid-19.
A ONG Sociedade Benfeitora Jaguaré foi agraciada pela categoria Humanidade, e o Projeto Pomar Urbano – da Secretaria de Estado de Infraestrutura e Meio Ambiente levou na categoria Natureza.
Confira aqui como foi a entrega do prêmio na reportagem de Marco Calejo para a Rede Câmara SP.
Jorna da Ciência, com informações da Câmara Municipal de SP