Um a cada cinco tipos de plantas do planeta estão no Brasil, com seus seis biomas naturais. Destes, o maior, a Mata Atlântica, tem apenas 20% da sua vegetação original. Nestes ambientes, mais de 39% dos mamíferos (sendo 15% dos primatas) encontram-se ameaçados de extinção.
Este quadro alarmante da biodiversidade brasileira é oportunamente apresentado no infográfico “Matemática: biodiversidade em números”.
A iniciativa do Instituto de Química da UNESP de Araraquara (IQAr – Unesp) encontra no tema da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia 2017 sua razão de ser. Por enxergarem na didática dos números uma oportunidade de levar a opinião pública à reflexão é que os cientistas Ian Castro-Gamboa e Cintia Milagres do IQAr – Unesp e Letícia Lotufo, da USP decidiram divulgar a preocupante situação da biodiversidade brasileira.
Vanderlan da Silva Bolzani, professora titular do IQAr – Unesp e vice-presidente da Fundunesp e da SBPC, reitera a visão de seus colegas: “No caso da SNCT ser dedicada à matemática e dizer que a matemática está em tudo é muito importante para nós que trabalhamos com a química, com a biodiversidade brasileira, porque mostra a biodiversidade em números e mostra o impacto que as pessoas já estão sentindo”.
Entre esses impactos causados pela perda de biodiversidade, a especialista destaca os problemas da homogeneização dos ambientes, a seca e a perda da farmácia que representa esses biomas, com a escassez de princípio ativo para a produção de novos remédios – matéria importante para os cientistas.
Já entre os aspectos que contribuem para a extinção da biodiversidade, Vanderlan destaca as especulações econômicas: “No caso da Mata Atlântica, ela vem sendo devastada desde a descoberta do Brasil. E por quê? Porque todo o processo de urbanização começou na costa e a Mata Atlântica faz parte dessa costa. Logicamente você vai fazendo o centro sem planejamento”.
E continua: “Tem também a atividade agrícola, que é muito importante, o Brasil tem uma agricultura respeitável, importantíssima para a balança econômica, mas você pode saber onde e quando desmatar. Por isso o conhecimento e o entendimento da biodiversidade são muito importantes, para defender e poder dizer ‘olha, aqui pode ser desmatado e aqui não pode. Você não pode sair desmatando qualquer área só pelo interesse comercial”.
A professora Vanderlan conclui com um apelo aos pesquisadores brasileiros: “Nesta semana, todas as pessoas que puderem estar divulgando suas pesquisas, seus laboratórios, tudo que se faz na ciência deste país, que está no dia-a-dia do cidadão, para que eles possam estar lado a lado dos pesquisadores. Nós estamos precisando de um grito de socorro diante da situação a que chegamos com esse corte assustador que nos preocupa sem saber o que será do amanhã”, finaliza.
Veja o infográfico aqui.
Marcelo Rodrigues – estagiário da SBPC