A elaboração de um Diagnóstico Brasileiro sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos, o primeiro do gênero voltado para subsidiar o processo de decisões ambientais no Brasil, é o principal objetivo da Plataforma Brasileira sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES, na sigla em inglês), que será lançada em 21 de fevereiro de 2017, na sede da FAPESP.
Na mesma data será divulgado o primeiro Informe Técnico da BPBES, resumo que precede o Diagnóstico Brasileiro – documento que reunirá toda a informação ambiental disponível no país.
O Diagnóstico Brasileiro utilizará os mesmos conceitos, metodologias e indicadores dos quatro diagnósticos regionais que estão sendo desenvolvidos pela Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES, na sigla em inglês), entidade internacional criada em 2012 para oferecer informações científicas para a tomada de decisões políticas.
Esses quatro diagnósticos envolvem as regiões Américas; África; Ásia e Pacífico; Europa e Ásia Central e servirão de base para o Diagnóstico Global de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos a ser publicado em 2019. A maior parte dos responsáveis pela estruturação e coordenação da BPBES está envolvida nos diversos grupos de trabalho da IPBES.
“Dados ambientais de alta qualidade produzidos em todas as regiões do Brasil estão principalmente no Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações [MCTIC], que atualmente desenvolve o SiBBr [Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira], e no Ministério do Meio Ambiente [MMA], mas também estão dispersos em outros ministérios e instituições”, explica Carlos Joly, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), coordenador da BPBES e co-chair do Painel Multidisciplinar de Especialistas (MPE, na sigla em inglês) da IPBES.
O Diagnóstico Brasileiro pretende consolidar informações geradas em todo o país. “Pretendemos cobrir a lacuna de dados com a participação de cientistas de todas as regiões do Brasil, trabalhando para que os dados sejam considerados elementos para o planejamento do desenvolvimento sustentável no país e no mundo”, diz o pesquisador, que também é coordenador do Programa FAPESP de Pesquisa em Caracterização, Conservação, Restauração e Uso Sustentável da Biodiversidade (BIOTA-FAPESP).
Para chegar a esse resultado, segundo Joly, a coordenação da BPBES está fazendo reuniões com representantes do governo federal nos diferentes ministérios, com representantes de organizações não governamentais, bem como do setor empresarial. A prática, adotada anteriormente pelo BIOTA-FAPESP, resultou na implementação do zoneamento agroambiental para o setor sucroalcooleiro, a identificação de áreas prioritárias para conservação e restauração da biodiversidade e no uso da base científica para aperfeiçoar a legislação ambiental do Estado de São Paulo.
A BPBES foi criada para suprir a mesma necessidade que levou cientistas em São Paulo a criar, em 1999, o Programa BIOTA-FAPESP e seu Sistema de Informação Ambiental (SinBiota), que relaciona informações geradas pelos pesquisadores a uma base cartográfica digital sobre a biodiversidade paulista e difunde esses dados para a comunidade científica, educadores, tomadores de decisão e formuladores de políticas ambientais (mais informações em http://sinbiota.biota.org.br/).
A plataforma brasileira está focada, principalmente, na importância dos serviços ecossistêmicos para a qualidade de vida das pessoas. A biodiversidade da Mata Atlântica, por exemplo, protege os recursos hídricos essenciais para cerca de 130 milhões de brasileiros, bem como mantém uma alta diversidade de polinizadores, indispensáveis para a produtividade agrícola nacional.
Composta por 28 pesquisadores de diversas instituições em todas as regiões brasileiras, em áreas como ecologia da conservação, economia ecológica, conhecimento tradicional e desenvolvimento sustentável, a BPBES é um Grupo de Trabalho da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), com apoio do MCTIC, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Programa BIOTA-FAPESP e da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS).
Mais informações sobre o lançamento da BPBES estão disponíveis em www.fapesp.br/eventos/bpbes.