O Museu de História Natural de Nova York inaugurou agora em maio uma nova ala intitulada Richard Gilder Center Para a Ciência, Educação e Inovação. O espaço é inteiramente dedicado à biologia, ecossistemas, mudanças climáticas, sociedades humanas e as origens do planeta.
Porém, assim como a parte antiga, a ala nova tem boa parte de seu acervo coletado em países do Sul Global. Uma das grandes atrações do Gilder Center, um enorme formigueiro transparente para que os visitantes possam assistir ao trabalho dos insetos, foi coletado em Trindade e Tobago.
O nome que cada vez mais se dá a isso é colonialismo científico. Na definição do sociólogo norueguês, Johann Galtung, colonialismo científico é quando o centro de aquisição do conhecimento sobre uma nação está fora dela. Na ciência, o colonialismo se dá, por exemplo, quando um país “exporta cérebros”, ou seja, investe para formar mão de obra especializada e esta migra para outros países em busca de melhores condições. E se dá ainda quando o país tem “exportados” seus fósseis e material arqueológico para outros países e seus cidadãos são obrigados a viajar ao exterior para pesquisa-los ou pagar ingressos para vê-los expostos em museus estrangeiros.
Soa familiar? Pois é exatamente o que acontece com os fósseis brasileiros, na maioria contrabandeados para o exterior, sem nem mesmo terem sido catalogados no país. A matéria de capa desta edição do Jornal da Ciência trata da luta contra o colonialismo travada pelos paleontólogos brasileiros que recentemente tiveram duas importantes vitórias: o prometido retorno do fóssil conhecido por “Ubirajara Jubatus”, que foi levado ilegalmente para a Alemanha nos anos 1990; e a inclusão, pela primeira vez, de seis grupos de fósseis na Lista Vermelha de Objetos Culturais Brasileiros em Risco do Conselho Internacional de Museus (ICOM).
Este foi tema de uma das mesas-redondas da Reunião Regional da SBPC no Piauí, realizada em março e que levantou outras discussões importantes na História, Educação, Política Científica e Meio Ambiente. O fio condutor foi o Bicentenário da Independência, que perpassou uma série de debates nas áreas de ciência, tecnologia, inovação e educação.
A Regional levou para os campi da Universidade Federal do Piauí (UFPI), em Teresina, e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí (IFPI), em Campo Maior, alguns dos temas mais “incômodos” para quem lida com a educação, que são a inclusão social, de gênero e étnica; e seu contrário, que são a violência e exclusão. Também engajou estudantes, professores e pesquisadores em conferências de alto nível como a dos “Desafios do Ensino Superior e da Pós-Graduação”, com o professor Naomar de Almeida Filho, e “Como construir uma sociedade sustentável”, com o cientista do clima Paulo Artaxo.
Um dos resultados mais importantes reunião foi a retomada da Secretaria Regional da SBPC no Piauí que permaneceu mais de cinco anos fechada e agora, após uma bem-sucedida campanha para atrair novos sócios, foi reaberta.
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Renato Janine Ribeiro | Presidente da SBPC
Fernanda Sobral | Vice-presidente da SBPC