O documento “O povo não pode pagar com a própria vida”, que apoia os esforços de governadores e prefeitos na pandemia, foi entregue na manhã dessa segunda-feira, 15 de março, ao coordenador do Fórum Nacional dos Governadores, Wellington Dias, governador do Piauí, pelos representantes das seis entidades signatárias do “Pacto pela Vida e pelo Brasil” – SBPC, CNBB, OAB, Comissão Arns, ABC e ABI. A reunião virtual contou ainda com a participação de outros governadores – além de Dias, Fátima Bezerra, do Rio Grande do Norte, Camilo Santana, do Ceará, Renato Casagrande, do Espírito Santo, Flavio Dino, do Maranhão. Também participaram a vice-governadora do Piauí, Regina Souza, e o presidente da Frente Nacional de Prefeitos, Jonas Donizetti, de Campinas.
O documento pede medidas urgentes para conter a escalada de mortes no País decorrentes da covid-19. “Não há tempo a perder, negacionismo mata. O vírus circula de norte a sul do Brasil, replicando cepas, afetando diferentes grupos etários, castigando os mais vulneráveis.”
As seis entidades apontam a urgente necessidade de maior empenho e integração dos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) do Brasil, e entre estados e municípios, na busca por soluções para a pandemia.
“O vírus não será dissipado com obscurantismos, discursos raivosos ou frases ofensivas. Basta de insensatez e irresponsabilidade. Além de vacina já e para todos, o Brasil precisa urgentemente que o Ministério da Saúde cumpra o seu papel, sendo indutor eficaz das políticas de saúde em nível nacional, garantindo acesso rápido aos medicamentos e testes validados pela ciência, a rastreabilidade permanente do vírus e um mínimo de serenidade ao povo”, afirmam no documento.
O presidente da SBPC, Ildeu de Castro Moreira, ressaltou alguns pontos do manifesto como o apoio aos esforços de governadores e prefeitos para garantir o cumprimento das medidas sanitárias de proteção, paralelamente à imunização rápida da população. “Também somos a favor da regulamentação com urgência da Lei que permite que estados e municípios comprem vacina e que sua distribuição seja nacionalmente organizada e gratuita”, afirma.
Para Moreira, é preciso que o Programa Nacional de Vacinação seja de fato efetivado, o que não tem sido feito pelo Governo Federal. “O Brasil é reconhecido pela sua competência no campo vacinal e temos a capacidade e condições para fazer melhor. Mas, para isso, precisamos de medidas adequadas.”
Moreira ressaltou ainda que o negacionismo, promessas de tratamentos ineficazes e atrasos indevidos – por omissão ou até mesmo incompetência – têm matado muitas pessoas. “É importante que o Congresso se dedique, com prioridade, para enfrentar essa grande crise sanitária e econômica e deixe de valorizar pautas corporativas e econômicas oportunistas”, afirmou. “Precisamos de fato de lucidez, de respeito à ciência, de solidariedade pela vida e pelo Brasil. Precisamos de união nacional. E ações adequadas, efetivas e urgentes dos dirigentes públicos.”
Dom Walmor Oliveira de Azevedo, presidente da CNBB, destacou que é essencial a participação das instituições para o enfrentamento dos enormes desafios colocados pela fase atual da pandemia. “Nós estamos aqui para reafirmar nosso compromisso, parabenizar e fortalecer as inciativas que geram vida. Como Igreja no Brasil, pensando nos muitos que estão em penúria e carência alimentar, queremos caminhar juntos em ações efetivas do ponto de vista institucional e político para abrir um novo ciclo de cidadania ao povo brasileiro”, disse.
Wellington Dias, governador do Piauí e coordenador da temática de Vacinas no Fórum Nacional de Governadores, disse que a ideia central do Fórum está contida no manifesto. “O que está expresso no documento ‘O povo não pode pagar com a própria vida’ é um chamamento que traduz aquilo que nós precisamos trabalhar e agir neste momento”, disse. Segundo ele, o Fórum Nacional de Governadores admite a existência de um colapso na rede de saúde pública e privada em todos os estados do Brasil.
O presidente da Frente Nacional dos Prefeitos (FNP) e prefeito de Campinas (SP), Jonas Donizette, por sua vez, defendeu a necessidade das medidas de restrição social para frear o avanço da doença e lamentou a hostilidade sofrida por prefeitos por parte da população, estimulada pelo Governo Federal. “Ninguém está tomando medidas restritivas com alegria no coração”, afirmou.
Assista à sessão completa neste link.
Jornal da Ciência