Presença feminina na Semana de 22

Nova edição da revista Ciência & Cultura mostra como mulheres que marcaram o período influenciam a arte e cultura brasileira e, aos poucos, ganham destaque e reconhecimento

CC-2-edicao-reportagem-presencafeminina-capa-pppx6m4jkpkdrb3glp7zdyv4svl87uuikj624vfd6w (1)A visibilidade das mulheres que participaram direta ou indiretamente da Semana de Arte Moderna de 1922 aumenta a cada comemoração do evento. Apesar do grande destaque ter sido dado à maciça presença masculina, não é mais possível negar a importância da presença feminina na Semana que marcou a arte — e a sociedade — brasileira. Isso é o que discute reportagem especial da segunda edição da revista Ciência & Cultura: A semana de Arte Moderna e o Século Modernista — Extensões.

Não é possível falar de presença feminina no modernismo sem mencionar Anita Malfatti e Tarsila do Amaral. Em 1917, Anita reuniu 53 de suas obras com forte tendência expressionista na “Exposição de Pintura Moderna Anita Malfatti” em São Paulo. A mostra se tornou um marco do movimento modernista no Brasil e chocou muitas pessoas por sua inovação estética. Após um período estudando Artes na França, Anita regressou ao Brasil para participar da Semana de Arte Moderna, causando novamente fortes reações. Tarsila do Amaral, apesar de não ter participado da Semana de 22, é uma das mais aclamadas artistas do movimento. Ao lado de Oswald de Andrade, Anita Malfatti, Mário de Andrade e Menotti del Picchia, formou o “Grupo dos Cinco”, que visava mudar o cenário histórico-cultural e artístico do país, bem como trazer à cultura brasileira as influências das vanguardas europeias.

Apesar dos holofotes geralmente se manterem sobre essas duas grandes artistas, elas não foram as únicas mulheres na Semana de 22. Entre as musicistas, encontramos grandes nomes como as pianistas Guiomar Novaes e Lucília Villa-Lobos (primeira esposa de Villa-Lobos) e a violinista Paulina D’Ambrósio. Nas artes, também há a participação dapintora, ceramista e desenhista Zina Aita,considerada a precursora do modernismo em Minas Gerais.

Embora a visibilidade dessas mulheres esteja aumentando, ainda falta um longo caminho a percorrer. “A meu ver, falta muito ainda, principalmente porque não só as mulheres que participaram da Semana de 22 têm relevância. Há artistas que estão no entorno do movimento e precisam ser estudadas, como a cantora e compositora Elsie Houston e a cantora Vera Janacopolos, que muito difundiram nossa música no exterior. Tem ainda Eugênia Álvaro Moreyra, jornalista, atriz, diretora de teatro e tradutora, que teve papel relevante como feminista. Oswald de Andrade afirmou sobre Eugênia que o que se deve a ela será calculado um dia. Portanto, há muito por pesquisar”, conclui destaca Maria de Lourdes Eleutério, professora da Faculdade de Artes Plásticas da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap).

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https://revistacienciaecultura.org.br/?p=2228

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