Fabricar microscópios com material reciclável foi a saída que Felipe Oliveira da Silva, 31 anos, encontrou para levar ciência às comunidades e às pessoas em situação de exclusão social. Biólogo, com mestrado na Suécia e Alemanha, Felipe tem como tema principal de seu trabalho a popularização da ciência, ensinando estudantes a construir seus próprios microscópios e de uma maneira simples. A iniciativa do biólogo contempla o quarto Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS), lançado pela Organização das Nações Unidas (ONU), durante a Conferência Rio + 20. Desde 2015, o Sebrae é parceiro da ONU no fomento aos negócios de impacto social e ambiental.
O 4º ODS da ONU é “Educação de Qualidade”, que visa assegurar o aprendizado inclusivo, equitativo e qualitativo, além de promover oportunidades para todos. “Foi esta a forma que encontrei para democratizar a ciência e atender negros, mulheres e jovens, que são as pessoas que quase não têm acesso. Basta papelão, parafuso de cama e um leitor de DVD”, explica Felipe. O trabalho é desenvolvido em oficinas ou nas escolas. “São dois modelos de atuação. Nas escolas, geralmente eu faço parcerias com organizações não governamentais. Já as oficinas são realizadas em espaços comunitários ou públicos”, explica o jovem, que fundou a empresa Conicien, junção de Conector Ciência, o nome de seu projeto.
Nas escolas, ele também auxilia estudantes a fazer aplicativos de celular e até mesmo o Diybio-Biohacking, técnica de coleta de DNA na cozinha. Tudo com materiais artesanais, digitais, biológicos e recicláveis. “Em duas horas de oficina você pode transformar as coisas. Principalmente as crianças, passam a ter a percepção que podem modificar o mundo”, comenta Felipe, que é Microempreendedor Individual (MEI). “A Conicien nasceu com a ajuda do Sebrae, que foi o grande parceiro desta história”, ressalta o rapaz, referindo-se a todo o processo de aprendizagem que percorreu para se tornar um empresário.
Segundo Felipe, seu maior público é formado por pessoas das comunidades negras e jovens, o que não o impede de atender outros setores. Suas últimas oficinas foram realizadas no Serviço Social do Comércio (Sesc), no Rio de Janeiro e em São Paulo, e na Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), onde aplicou práticas de microscopia de baixo custo e de aplicativo de celular com usos na ciência, durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. Além do seu estado (Rio de Janeiro), Felipe atua em estados do Nordeste, em São Paulo e no Distrito Federal. Até agora, o biólogo fez mais de 100 oficinas, trabalhou com 15 organizações, quatro universidades e atendeu a mais de duas mil pessoas.