A nova Política Nacional de Inovação (PNI), uma proposta do governo que acaba de passar por consulta pública, está mobilizando setores das comunidades científica, acadêmica e empresariais, que preparam sugestões à proposta.
O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) abriu para sugestões do público, em novembro, um documento elaborado em parceria com o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), com o objetivo de recolher subsídios dos principais atores envolvidos na geração de serviços e produtos inovadores no país.
A consulta terminou semana passada (18/1) e a intenção, segundo declarações do secretário de Empreendedorismo e Inovação do MCTIC, Paulo Alvim, dadas à imprensa na época, é que a nova PNI estruture as ações governamentais na área pelos próximos dez anos (2020-2030).
Uma das instituições que encaminharam propostas foi a Confederação Nacional da Indústria (CNI), que elaborou um documento a partir da compilação de propostas das lideranças ligadas à Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI). Gianna Sagazio, diretora de Inovação da entidade, afirma que a PNI é uma oportunidade para que o Brasil tenha uma estratégia ambiciosa na área e possa recuperar posições perdidas em relação aos demais países. “O desafio é grande, de acordo com o Global Innovation Index, em nove anos caímos 19 posições, para a 66ª”, comentou Sagazio.
O documento da CNI está estruturado em cinco eixos principais: criação de um ambiente institucional e regulatório favorável à inovação; oferta de instrumentos de subvenção econômica e de crédito compatíveis com o risco tecnológico; apoio ao desenvolvimento científico; estruturação de programas nacionais transversais, orientados a temas específicos; governança. “Acreditamos que para o País ser inovador, é preciso uma estratégia nacional de inovação, que crie um ambiente favorável”, definiu a executiva da CNI.
A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) também prepara uma proposta para a PNI, que deve ser encaminhado ao MCTIC no inicio de fevereiro. O documento está sendo elaborado pelo Grupo de Trabalho de Financiamento à Pesquisa e de Políticas de CT&I, coordenado pelo diretor da SBPC, o neurocientista Sidarta Ribeiro.
O GT tem por objetivo discutir as questões e desafios do financiamento à CT&I no país e orientar posicionamentos e ações em política cientifica. Ildeu Moreira, presidente da SBPC, explicou que está sendo elaborado um documento, em conjunto com outras entidades representativas da comunidade acadêmica e científica, e que existe também um diálogo com empresários para apresentar sugestões ao governo. “Vamos destacar também pontos importantes que não estão colocados no documento em consulta pública e levar novas ideias e propostas”, afirmou Moreira. “Mas um requisito importante para existir inovação é uma pesquisa científica e tecnológica forte e nosso sistema está, neste momento, em risco sério diante dos cortes de recursos continuados e muito acentuados”, completou.
Para Gianna Sagazio, é fundamental que empresários e as instituições da ciência trabalhem juntos em prol de uma política de inovação que tenha visão de longo prazo e que amplie a articulação entre as universidades e as empresas. “Queremos as mesmas coisas, nos tornar um país mais inovador”, disse a diretora da CNI.
Janes Rocha – Jornal da Ciência