A participação das mulheres na formação do pensamento científico é tão antiga quanto a origem da própria ciência. No entanto, meninas e mulheres ainda enfrentam inúmeros obstáculos no acesso e na progressão das carreiras científicas, devido a barreiras culturais e estruturais. Felizmente, esse cenário vem mudando, embora lentamente. Prova disso é que 46% dos pesquisadores na América Latina e Caribe são mulheres, segundo um relatório de 2022 da British Council e da ONU. No Brasil, 72% dos artigos científicos são assinados por ao menos uma mulher, liderando o ranking dos países ibero-americanos, segundo a Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI). Isso é o que discute reportagem da nova edição da Ciência & Cultura, que comemora os 75 anos da revista.
A revista Ciência & Cultura, a mais antiga publicação de divulgação científica em circulação no Brasil, sempre estimulou a participação feminina na ciência. Ao longo de seus 75 anos, a evolução dessas representações é evidente. Em 1949, Rosina de Barros (1909-1996) publicou o primeiro artigo escrito por uma mulher na revista. Desde então, importantes cientistas como Graziela Maciel Barroso, Marília Chaves Peixoto e Elisa Frota Pessoa contribuíram significativamente para a ciência brasileira, abrindo caminhos para futuras gerações.
Apesar desses avanços, a disparidade de gênero ainda é uma realidade em muitas áreas da ciência. As mulheres constituem apenas 33% nas ciências STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática), conforme a ONU. “Quando pensamos em uma ciência mais diversa e inclusiva, precisamos pensar no gênero e nas suas interseccionalidades, pois, quando impedimos mulheres negras, indígenas, trans de participarem da ciência, não é um prejuízo só para essas pessoas que não estão produzindo conhecimento, mas é um prejuízo também para toda a humanidade”, ressalta Bettina Heerdt, professora do Departamento de Biologia na Universidade Estadual do Centro Oeste do Paraná (Unicentro) e pesquisadora em Educação e Ensino, Gênero, Sexualidade e relações étnico-raciais.
A diversidade de perspectivas enriquece e promove a inovação nos campos científicos e culturais, beneficiando tanto a qualidade da pesquisa quanto sua relevância cultural. A divulgação científica desempenha um papel essencial na construção de uma sociedade mais justa e igualitária, onde as mulheres possam alcançar qualquer espaço que desejem. “É mais do que uma questão de valorização das mulheres e das cientistas. É uma questão social. Mesmo com os avanços que alcançamos hoje em plena sociedade do conhecimento, temos que ter espaços mais justos e igualitários com relação às mulheres em todos os campos profissionais que elas queiram estar”, conclui Vanderlan Bolzani, professora do Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Araraquara.
Confira a reportagem completa:
https://revistacienciaecultura.org.br/?p=6190
Ciência & Cultura