JC impresso de setembro traz alguns dos milhares de exemplos de mulheres que vêm transformando o cenário da ciência brasileira
Segundo dados do CNPq, 62% dos pesquisadores brasileiros com título de doutor são mulheres. No entanto, essas cientistas são ainda uma minoria nos cargos acadêmicos de alta hierarquia. Aos poucos, e com muito esforço, as mulheres vêm conquistando o merecido espaço em um mundo dominado por homens. E essa luta merece apoio e visibilidade – precisamos conhecer e reconhecer o trabalho dessas pesquisadoras e o impacto que elas têm no desenvolvimento científico do País.
Em julho, a SBPC lançou um novo portal de divulgação científica, o Ciência&Mulher, para dar destaque à conquista de mulheres, além de recuperar e divulgar a história de grandes cientistas. Nessa edição do Jornal da Ciência, falamos sobre a importância dessa iniciativa e trazemos ainda alguns dos milhares de exemplos de mulheres que vêm transformando o cenário da ciência brasileira.
Para homenagear algumas dessas vitórias, destacamos mulheres que, além de grandes atuantes em suas respectivas áreas, revolucionaram também a ciência por meio da sua atuação na presidência da SBPC – Carolina Bori, Glaci Zancan e Helena Nader, três mulheres entre 18 presidentes que marcaram a história dessa Sociedade, em épocas distintas e cruciais para o progresso da ciência nacional.
Na seção de artigos, a professora da UFRJ, Jacqueline Leta, fala sobre seus estudos que analisam a presença da mulher no mundo acadêmico e científico. De acordo com ela, é importante conhecer os mecanismos que estão por trás da segregação vertical, que empurra as mulheres para papéis periféricos na ciência.
Em nossa pequena contribuição para homenagear as mulheres que impulsionam a ciência no Brasil, trazemos também a história de Sinhá Moreira, fundadora da Escola Técnica de Eletrônica Francisco Moreira da Costa, na cidade de Santa Rita do Sapucaí, no sul de Minas Gerais. Embora não fosse cientista, ela foi responsável pela pedra fundamental que deu origem ao Vale da Eletrônica, um polo de ciência, tecnologia e inovação comparado ao Vale do Silício, nos EUA.
Falamos também sobre o legado de Ana Primavesi, engenheira agrônoma que se notabilizou por seus estudos sobre manejo ecológico do solo e o processo de compostagem laminar; e Johanna Döbereiner, indicada ao Nobel de Química em 1997 por seu trabalho com fixação biológica do nitrogênio, e notável pelos estudos que impulsionaram a produção de soja no País.
Das pioneiras, chegamos à nova geração. A farmacêutica Laila Salmen Espíndola lidera um projeto para desenvolver produtos para o controle do Aedes aegypti, a partir de ervas e plantas medicinais. E a pesquisadora Natalia Mayumi Inada criou um projeto inovador para reverter lesões precursoras do câncer de colo do útero que ganhou o Prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia 2016.
Por falar em premiações, não poderíamos deixar de destacar o prêmio Para Mulheres na Ciência, a versão brasileira do For Women in Science, promovido pela L’Oréal e pela Unesco, que no Brasil firmou parceria com a Academia Brasileira de Ciências.
E, finalmente, a próxima geração de pesquisadoras é retratada aqui pela estudante Lorrayne Isidoro, que com 17 anos foi a primeira estudante de escola pública a representar o Brasil na Olimpíada Internacional de Neurociências. Após muitos estudos e alguns percalços, ela foi até Copenhagen para representar o País na etapa internacional da competição e voltou para cá com a 18ª posição.
Por fim, aproveitamos esta edição para contar um pouco sobre como será nossa próxima reunião regional, a ser realizada entre 5 e 8 de outubro em Palhoça (SC), na Unidade Pedra Branca da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul). O tema será “Cidades e Sustentabilidade”.
Veja aqui a edição completa.
Jornal da Ciência