Galáxias consideradas as mais antigas do universo são descobertas pela emissão de luz e radiação captadas por super telescópios; proteínas terapêuticas são ativadas por meio de vacinas feitas com material genético e complexos modelos de linguagem em Inteligência Artificial (IA) tornam-se acessíveis em telefones celulares. As ciências básicas têm suas fronteiras borradas quando convergem e encontram com as vivências da educação, da saúde e do meio ambiente diretamente impactados pela realidade social de um país de renda média e grande desigualdade como o Brasil.
Isso é o que discute artigo da nova edição da Ciência & Cultura. Alinhada com o “Ano Internacional das Ciências Básicas para o Desenvolvimento Sustentável 2022-23” (IYBSSD, na sigla em inglês), estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) e a Unesco, o número traz como tema “Ciências Básicas para o Desenvolvimento Sustentável”.
Para Naomar de Almeida Filho, professor do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (UFBA), uma visão processual fatiada e linear da organização do trabalho e do mundo (herança da Revolução Industrial), além de não representar mais o conhecimento contemporâneo, impacta negativamente a educação ao manter uma antiga ideia de complexificação gradual, na qual é preciso ensinar o mais simples primeiro para que o complexo venha somente numa etapa posterior. “Isto traz um desafio de como formar sujeitos capazes de pensar na complexidade e expõe uma certa mitologia, uma aplicação da visão linear como se fosse necessário às disciplinas serem tratadas em separado para depois se somarem. Só que não tem um depois, pois a integração do conhecimento acontece o tempo inteiro”.
Os conhecimentos em saúde e em meio ambiente quando em contexto social exigem uma ciência que queira ser mais do que básica. E também requerem uma centralidade de uma perspectiva transdisciplinar e coletiva no fazer científico. Yeimi Alzate López, antropóloga sanitarista, docente do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA e coordenadora do Construindo Comunidades Saudáveis, aponta que é fundamental envolver as comunidades nessa transdisciplinaridade, ou a ciência não conseguirá dar respostas aos seus problemas. “As comunidades têm outras questões relacionadas à saúde que não são necessariamente as doenças, que são importantes e estão ligadas aos processos de vulnerabilização, às questões das desigualdades sociais e da formação das periferias”.
Leia a reportagem completa: